~Riley—Estou aqui.— Malévola fala, com um tom extremamente calmo. Meu corpo pareceu relaxar no mesmo momento em que o som de sua voz passeou pelos meus ouvidos.
Me virando, eu encaro a fada. Meus pensamentos ainda estavam uma pura confusão, e mais uma vez, sem pensar direito, eu corro para os seus braços, e eu pude sentir a mesma não entendendo nada.
—Riley.— Ela fala, com sua voz séria. Meio relutante, pude sentir seus braços enfim envolvendo o meu corpo. A fim de descarregar toda a minha confusão naquele abraço, eu a abraço um pouco mais forte.
—Malévola!— Exclamo, encostando a minha cabeça em seu pescoço. Mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa a seguir, ela se afasta bruscamente.
—Riley, você ficou maluca!?— Ela fala, por fim. Sua voz não estava alterada. Pelo contrário, estava mais séria do que deveria. Pude sentir um mundo inteiro ser quebrado dentro de mim, como se eu estivesse me dado conta do que eu acabara de fazer.
—Me desculpa...— Ponho a mão em minha cabeça, meio confusa. —E perdão pelo horário inconveniente.— Falo, completamente envergonhada. Parece que eu estava começando a voltar para a realidade.
—Foi bom você ter tocado nesse assunto.— Ela fala, cautelosamente. —Já é a segunda vez que você me acorda, Riley!— Ela faz uma pausa, me encarando.
Sentindo a minha respiração ficar mais pesada, e um nó se formando em minha garganta, eu respiro fundo algumas vezes, não obtendo sucesso.
—Malévola...—Falo, com dificuldade. —Minha mãe...— Meus olhos se enchem d'água. —Minha mãe está com...— Faço uma pausa, respirando fundo mais uma vez. —Está com câncer!— Eu praticamente grito, sentindo todo aquele nó sendo desfeito. A expressão da fada mudou instantaneamente, e percebendo de que se tratava de um assunto sério, ela se aproxima.
—Eu...— Ela fala, meio relutante. —Eu estou aqui.— Seus olhos se encontram com o meu.
—Me leva para o topo da colina?— Eu praticamente imploro. Queria sentir aquele ar mais denso, queria ver sei lá quantos metros abaixo de mim.
Não falando mais nada, ela me pega no colo, e inconscientemente, meus braços se encontram com o seu pescoço.
Já no topo da colina, eu encara o reino fixamente, sem dizer uma palavra sequer. A fada parecia estar curiosa, pois não tirava os olhos de cima de mim.
—Riley, quer conversar?— Isso é tudo o que ela fala, me fazendo voltar o meu olhar para a mesma. Como resposta, eu balanço a cabeça lentamente, afirmando.
Penduro a minha cabeça para cima, encarando o céu. —Meu pai foi até a minha casa, com o mesmo envelope que eu segurava naquele dia. Dentro dele, havia uma carta de minha mãe. Ela se desculpava, e no fim revelou essa doença.— Respiro fundo, pesadamente. —Depois que meu pai foi embora de minha casa, parece que tudo havia desabado. Um sentimento horrível tomou conta de meu corpo, e ele ainda está aqui.— Encaro o olhar de Malévola, que parecia atento a tudo o que eu falava.
Voltando o meu olhar para o céu, eu balanço a cabeça em negação. —Quando eu percebi, eu já estava aqui, chamando por você. É como se...— Faço uma pausa, franzindo o meu cenho. —É como se algo nesse reino fosse o meu refúgio, eu não sei bem.
—O que você está sentindo, Riley?— Isso é tudo o que ela pergunta. Sua voz estava cautelosa.
—Confusa. Mas também estou sentindo o meu corpo pesado.— Faço uma pausa, olhando para as minhas mãos. —Eu sei lá...Eu estou me sentindo mal por ter falado mal da minha mãe, embora eu tivesse razão...Me sinto mal.
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I See You
RomanceAté que ponto o coração partido e a confiança traída de uma mulher poderia chegar? E mesmo assim, dentre todas essas barreiras, será que ainda poderia existir um espaço para o amor, a confiança, e a compaixão? *Slowburn