| CAPÍTULO 4 | As paredes tem ouvidos

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Jeon precisava retornar ao boxe. Fazia dias que não praticava nenhum esporte, apenas ia a academia, e gostaria de extravasar suas frustrações e toda a raiva de alguma maneira. Estava necessitado.

Desde jovem, ele sempre se preocupou muito com seu estado de saúde e se manter em forma. Na época do colégio curtia boxe, participou de diversos clubes e o pugilismo acabou virando um grande meio de descontar tudo o que sentia.

Quando as vizinhas curiosas foram embora de sua calçada, o mais velho adentrou sua casa para pegar alguma ferramenta que faltava na caixa.

Dedicar sua tarde cem por cento a sua preciosa moto parecia a coisa mais sensata a se fazer por agora.

Subiu os degraus da escada, mas parou em frente ao espelho bem no corredor, um que havia um criado mudo e uma janela de canto. Jungkook lambeu a boca, uma careta quando notou suas feições cansadas, suado e um pouco sujo de graxa.

Jungkook - Os anos estão passando tão rápido, porra.

Parecia que um elefante havia dançado sapateado em seu rosto sem cansar e sua expressão não era das melhores naquele dia. Fez uma pinça com os dedos cuidadoso e pegou um fio de cabelo branco visível no topo da cabeça, arrancando. Teria que retocar a cor preta o quanto antes.

Suspirou uma vez e abriu um sorriso para o seu reflexo, que lhe pareceu tão forçado que Jungkook o desfez de imediato. Não era mais o mesmo, isso estava mais do que escancarado. A confraternização que tava pra dar talvez levantasse um pouco o seu astral.

Ou quem sabe a presença jovem da namorada do filho...

Balançou a cabeça em negação, bagunçando os cabelos e misturando os tons, sem acreditar que havia pensado algo daquele tipo e tentando expulsá-lo da cabeça. Era ridículo que Jeon de repente se sentisse animado com a nora em sua casa.

Mas mesmo assim, sorriu, pensando em você. Espera! Pensou de novo. Estava quase voltando à própria adolescência e isso era patético.

Foi nocauteado por uma garota e não podia se apegar, ela já tinha alguém e esse alguém tinha seu sangue correndo nas veias. Chega disso! Precisa de uma mulher.

Mudou seu foco em pensamentos, antes que arrancasse todos os fios brancos e ficasse sem nenhum.

Filho, concessionária, reuniões, trabalho. Talvez até aceitasse o convite para tomar uma no bar com Karen e Suzy, relembrar os tempos, curtir umazinha e esquecer as responsabilidades paternas.

Acreditou que teria a oportunidade de ficar com o filho hoje, de conversarem de homem pra homem sobre aqueles comportamentos, mas Donghyun não quer ficar com ele, e tudo bem. Jeon não quer brigar e nem forçar também, até mesmo assistir um programa juntos ou jogar sinuca de novo seria ótimo, trocar uma ideia na garagem, como faziam antes. Mas nem isso. A realidade chegou, Dong cresceu.

Jungkook - Onde eu coloquei essa chave inglesa?

E certamente não ajuda em nada o fato de estar babando sobre a namorada do filho de um jeito que nunca ficou por qualquer outra mulher em sua vida. Ah, porra.

"Quanto mais você faz pra alguém, menos eles fazem a si mesmos"

Ela está certa: Meu filho tem de aprender sozinho umas coisas.

Se sentiu culpado por aquele comportamento, mas não podia nem ao menos o cruxificar. Jungkook deu trabalho ao pai até a maioridade da mesma forma e nem ao menos se arrependia, porque aproveitou. Mas tem uma limiar aí entre diversão e imaturidade. Estava claro que Donghyun não vai crescer até que seja forçado a isso.

Jungkook - Acho que deixei a chave no meu quarto. - Revirava as gavetas e as batia com força.

De qualquer forma, no final de semana, o CEO iria dar uma festa, se divertir e esquecer tudo. Parecia que tinha se agarrado nisso como uma âncora.

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