Pai Do Seu Namorado | EB

| CAPÍTULO 26 | Quero um homem

Esteve à beira do colapso.

Vinte era um número que rondava na mente de Jungkook.

Vinte anos que se passaram desde que a mulher cruzou a porta com as malas, deixado para lidar sozinho com um mundo que ela mesma desmoronou. Se não fosse a sorte na oficina, as oportunidades, seu filho teria passado fome e só Deus sabe como seria sua atual situação.

Contudo, criar Jeon Donghyun foi a coisa mais árdua que já fez sim, mas também a mais gratificante. Vinte anos. Cada conquista dele, cada sorriso, cada momento de orgulho que sentiu, até mesmo com as estrelas douradas que o menino ganhava na escolinha, foi um lembrete de que podia ser um bom pai e fazer aquilo do jeito certo, a ponto de que Donghyun não lembrasse da mãe. Chegou ao patamar que está hoje e seu filho foi seu maior propulsor. Ele prometeu que podia preencher o vazio que ela deixou, os dar uma boa vida.

Mas mentiras assim não duram. Seu filho o odiou ao descobrir tudo, da pior maneira. Até hoje o ressentimento com Jeon era bem evidente.

A raiva borbulhava dentro do sono do mais velho, lhe dando espasmos e o fazendo suar o peitoral. Ele sempre garantiu que Donghyun tivesse a melhor vida possível, e agora com a ex retornando, querendo simplesmente conhecê-lo como se não tivesse perdido todos os aniversários, os primeiros passos, as primeiras palavras. O filho que Jungkook moldou pro mundo. Ela não tinha nenhum mérito nisso.

Mas, como Jungkook poderia repudiar sua ex? Ela não era um exemplo de mãe, ele muito menos. Se Donghyun nunca o perdoou por tentar protegê-lo, seu fim seria quando seu filho descobrisse que estava envolvido amorosamente com sua ex-namorada, que, além disso, tinha dezoito anos.

E pensar que isso quebraria o coração e a confiança de Donghyun, talvez mais do que ser deixado pela mulher que deveria assumir a posição materna.

Tinha certeza que Dong esperava que a garota seguisse em frente em algum momento se não dessem mais certo, mas não com o pai, porra!

Estava exausto. O peso do passado, a incerteza do futuro, tudo parecia o esmagar.

Esta era uma aventura. Um tipo sujo e sórdido, certo? Pelo menos isso era o que todo mundo iria pensar. Seu filho iria pensar.

Cada vez que Jungkook estava junto com ela, a culpa o corroía por dentro. Mas era como a libélula e a luz. Ele não conseguia se afastar. Estavam se fazendo bem e Donghyun não parecia muito preocupado com ela desde que se tornaram apenas amigos, afinal de contas.

Mas saber que o pai correu de moto, beijou, transou com a garota que ele desejou, que era dele, e… saber que havia uma chance de que seu filho poderia fazê-la mais feliz... sim, falando por experiência, havia sempre uma parte no homem que parecia ter mais direito sobre uma ex-namorada, que qualquer outra pessoa, mesmo após a separação. Donghyun veria isso como uma traição, ainda.

Enquanto Donghyun a magoava, Jeon ficava do lado dela e tentava fazer melhor onde ele não conseguia. E Donghyun estaria certo se odiasse a mãe, mas Jungkook também. Todo sentimento que ele teria, Jeon entenderia.

Mas, eventualmente, essa garota vai perceber que Jungkook é muito velho, muito diferente, e ela desejará mais. Não vai durar. Saber disso, no entanto, não o impedia de querê-la. De sentir falta e precisar dela, tipo, agora.

Você — Urgh, isso tá péssimo.

Ele abriu os olhos. A casa estava clara, apesar das cortinas ainda estarem fechadas, possivelmente para evitar a claridade em seu rosto. Foi surrado pelo cheiro forte de ovos fritos e torradas, ameaçava dizer que havia algo a mais.