| CAPÍTULO 37 | A mãe do meu filho

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Dizem que o tempo cura tudo e Jeon Jungkook queria dar uma porrada em quem disse. O tempo não curou nada, é tudo uma ilusão, e quando você se depara com uma mínima lembrança do trauma, o baque da sequela é tão fodida quanto a lesão feita. Uma cicatriz, que pensava estar fechada, e de repente um novo machucado sendo feito por cima, deixando mais fundo e mais fundo.

Já passaram-se duas semanas desde o aparecimento inoportuno de Lindsay, pelo incrível que pudesse parecer. Jungkook manteve aquela muralha de cabeça dura e coração gelado por bastante tempo, mas ele precisou do espaço dele, foi importante. O seminário foi adiado, as aulas estavam suspensas por periodo indeterminado e você agradeceu.

Você ainda ficava sem jeito por ter sido a responsável do “parasita com vestido” entrar em sua casa daquela forma, mesmo que Jeon afirmasse que não era culpa sua todas as vezes em que falaram sobre, que a ex sempre foi macabra e manipuladora, você não pôde deixar de sentir que foi uma falta de responsabilidade gigantesca.

O mais estranho foi que depois do desagradável encontro, a mulher desapareceu e não foi vista e nem tentou nada - ainda. E temia isso. O ainda.

Não confiava e jamais seria ingênua para não ter plena noção de que, ela apareceria de novo. E quando isso acontecesse, ela teria uma oponente à altura.

A lembrança do dia ainda perturbava sua memória, tão vivida que podia visualizar cada minuto se fechasse os olhos. Quando você acredita que as coisas estão na sua melhor fase, é de ter junto a certeza de que uma queda bem pior está por vir.

Foram horas em que ele esteve ali, sob a penumbra da noite, na própria queda, no pico inverso mais alto da montanha, sentado e com a cabeça apoiada nos dedos enlaçados. Jungkook não chorava, talvez por não terem sobrado lágrimas pra Lindsay, ou talvez, em sua queda, você fosse o cinto de segurança que não deixou que tudo terminasse bem mais feio do que o esperado. Estava surpreso com a própria reação. Um trauma letárgico. Contudo, lembrava e sentia perfeitamente de algo que vinha lhe trazendo uma ânsia forte; o cheiro impregnado na casa. Um doce intenso, do tipo enjoativo, que doía na cabeça, exatamente como ela queria, para que Jeon lembrasse quando esquecer dela começasse a virar uma opção viável para tapar a ferida de novo. O perfume de Lindsay.

Ele contatou um advogado de confiança algumas horas antes desse momento, e na mesma hora que ela passou pela porta, sendo aconselhado a negociar com a ex-esposa ou contar a Donghyun que a mãe estava de volta na cidade, como ele mesmo cogitou. Viável, antes que esbarrassem. Tentaria estar um passo a frente no próximo golpe.

No momento do susto, focaram tanto nos dois e na milha de empecilhos que ela os traria que esqueceram da peça em jogo. Donghyun era o rei que precisava ser protegido naquele tabuleiro de xadrez, e Jungkook já estava cansado demais de agir como a torre.

No entanto, precisava ser sua muralha mais uma vez, pelo menos para dar a notícia desagradável. Donghyun era de maior, e manter contato seria a escolha dele agora, era homem para discernir isso; o justo.

E mesmo com a incerteza, assim que Donghyun chegou com Namjoon lá pela noite em casa, o pai e ele imediatamente se sentaram nas cadeiras do jardim para conversar.

Jungkook — Namjoon ainda tá te vencendo no basquete? — perguntou, dando um leve sorriso de canto.

Donghyun riu, relaxando um pouco na cadeira.

Donghyun — Você sabe que ele é alto demais pra ser justo. Eu mal vejo a bola quando ele tá no ataque.

Observou de longe os dois tendo um diálogo sério. Não podia ouvir, mas lia os lábios cuidadosos de Jungkook.

Jungkook — Acredite, já fui rápido o suficiente pra driblar caras maiores que ele. Você tá dando seu melhor, tá treinando bem — Ele estendeu a mão, dando um leve tapinha no ombro do filho. — Eu to vendo que você está ficando cada vez melhor. Quero te ver jogar no campeonato. Orgulho do pai.

Pai Do Seu Namorado | EBOnde histórias criam vida. Descubra agora