| CAPÍTULO 28 | Voto de Silêncio

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Sequer sabia como estava conseguindo focar em seu primeiro dia no trabalho nas concessionárias Golden, com tantas coisas dentro de sua cabeça, mas não era o momento.

Andreia — Eu sempre arrumo as novas papeladas assim, eu conheço os gostos do chefe. E você só atende as ligações, só se eu mandar, pois eu sou responsável.

Andreia pegou a pilha de pastas na mesa de Jungkook, te dando. Seus braços despencaram com o peso das folhas guardadinhas.

Andreia — Coloque naquela estante, de fácil acesso! Ali ficam os pedidos dos clientes, precisa ter atenção aos documentos com baixas dadas, estes ficam na estante ao lado.

Como jovem aprendiz, ela ficou de te treinar. Andreia era assustadora, concluiu isso nos poucos minutos em que estiveram juntas. Conseguia ter mais fome de organização e controle do que você e o chefe juntos.

Apesar da mulher mandona já estar falando por horas e horas, sua atenção estava ainda mais longe.

Jungkook não foi te buscar.

Você também não soube se era um sinal discreto, do tipo  “Ei, acho que me arrependi de te contratar. Vou te dar um bolo pra que entenda as entrelinhas”. No entanto, você foi sozinha, pois também parou pra pensar que podia ser um  “Seja autosuficiente, garota. Quero proatividade ”

Andreia — Está atenta?

O tom era enraivecido, percebendo que, apesar do corpo físico estar, sua mente não estava presente.

Não era o momento de perder o sono por conta daquilo, repetiu umas três vezes para seu subconsciente.

Você — Sim. Sim, perdão. Okay, vou fazer. — apressou os passos até a estante, por sorte tendo ouvido o que ela ordenou.

O que te fazia espairecer era o ambiente. Impossível não ficar aérea naquela sala. O lugar era imenso, com janelas do teto ao piso, te dando a vista deslumbrante da cidade, com prédios indo até onde os olhos podiam ver. Estava entardecendo e o céu começava a se tingir de laranja e rosa, ainda mais bonito do que quando esteve ali com Jungkook, só os dois.

As obras de arte abstrata que decoravam as paredes lembravam o dono da empresa, era engraçado.

Seu momento de observação pareceu horas dentro da própria consciência, mas não passaram de cinco segundos, isso porque teve que voltar ao juízo, afinal, tinha trabalho a fazer e uma loira que a media inteira com um olhar avaliador.

Andreia — Sempre fui suficiente, não sei porque ele te contratou. Muito nova.

Você apenas buscou relevar as reclamações da veterana, organizando a estante como deveria, mantendo sua pose. Estava ali para trabalhar, receber seu salário e fazer suas funções da melhor forma, não para tirá-la do cargo, como acreditou que estava pensando.

Você — Não é um trabalho fácil, ajuda nunca é demais. — Foi empilhando cuidadosamente cada uma das pastas, ágil e hábil. —  Você consegue decorar todas as ordens dos arquivos. Legal.

Andreia te olhou estreito por uns momentos. Você a elogiou, mesmo depois da repreensão. Não iria brigar? A mulher franziu um pouco o lábio, e você abriu um sorrisinho nos beiços, estendendo a mão para que ela lhe desse mais pastas, porque você já tinha organizado rapidamente e cuidadosa as anteriores.

Ela se encarregou de não deixá-la livre. Já estavam nessa tempo o suficiente pra sentir nas pernas as dores que sua avó mencionava, lembrou de sentar somente no período em que a mulher foi atender a uma chamada que durou menos de um minuto, após isso, não parou de trabalhar, tanto pela empresa, quanto pela sala de Jungkook.

Pai Do Seu Namorado | EBOnde histórias criam vida. Descubra agora