𝟎𝟕|𝐇𝐘𝐏𝐍𝐎𝐒𝐈𝐒

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NESSA BARRETT

—Trouxe isso pra você. - ele disse baixinho.
Pendi a cabeça de lado, ele estendia uma caixa de bombons, minhas mãos estavam cruzadas no peito, eu queria pegá-la mas não encontrei
força.

— Obrigada. - minha voz sem vida, até pra mim.
Ele sorriu sem graça, mamãe pegou o presente.
A porta ainda estava aberta,  Jaden pôs as mãos nos bolsos da calça, o silêncio era estranho. Pois eu tinha vontade de falar, todavia, nada escapava de minha boca.

— Eu preciso explicar algo aqui. - minha mãe disse com um fio de voz. — Sobre o tratamento que Nessa vinha fazendo. Não sei se á a melhor hora, mas acho que preciso deixar isso claro.

O ambiente estava mortalmente silencioso.

— Nessa vinha tendo acompanhamento psicológico, por algo que certamente ela vai lhe contar Jay. Diante da gravidade do assunto, a doutora Nancy sugeriu recorrermos a hipnose.
Mas não aos métodos tradicionais. Algumas pessoas estavam fazendo testes com a sugestionabilidade e eu aceitei, pois estava desesperada, não queria que minha menina sofresse.

Esperamos pelo restante.

— A sugestionabilidade nada mais é do que o hipnotizador sugerir novas situações durante a hipnose. As memórias que são a causa do problema são substituídas por novas memórias.
Ainda está em processo de estudo, é muito controverso e de certa forma antiético. Eu tive que assinar tantos papéis... E sempre fomos alertados de que uma hora tudo poderia vir à tona. E veio.

Ela se aproximou e fez menção de segurar em minha mão mas parou no meio do caminho.

— Eu sinto muito Ness. Tudo que eu fiz foi para te proteger. Foi pensando no melhor para você.
Não consegui dizer nada. Eu sempre fiz hipnose mas não sabia a dimensão daquilo, e diante de tudo que estava acontecendo, essa era uma notícia que nem sequer me abalou.

— Eu... Vou terminar a revisão de estoque da loja. Fique a vontade Jaden. - mamãe se retirou rapidamente da sala.

Ainda estava inerte, Jaden deu dois passos premeditados para a frente, como se estivesse lidando com algum bichinho selvagem. Eu não movia um músculo, apesar da vontade de fazê-lo. Dava pra ver que ele estava chocado com o que acabara de ouvir, mas tentava se manter estável.

— Acho que não é uma boa hora. - a voz dele era calma, compassada. — Espero que esteja melhor.

Ensaiei um passo cuidadoso, pisquei e senti meus olhos pesarem. Passei por ele devagar, ele parecia confuso, mas me acompanhou. Sentei na cadeira de balanço, senti um pouco de frio.

Jaden fechou a porta e sentou no banco a minha frente.

—Você conheceu meu pai? - eu estava rouca, minha garganta doía.

— Jason e eu conversamos pouco. Ele me ensinou a jogar bola e me deu conselhos sobre garotas uma vez. - Jaden pigarreou.

— Conselhos? - meu sorriso era estranho, forçado. — Espero que não tenha seguido nenhum deles. - o sorriso sumiu, dando lugar a uma bola na garganta e algo que queimava meu peito.

Meu humor oscilante deixou Jaden acuado, ele não sabia o que falar, como agir, pois as pessoas não são acostumadas com imprevisibilidade.

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