Cap. I - Descobertas.

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Três anos depois.


Alguns anos haviam se passado desde o incidente, desde então nenhum outro ocorreu, assim o inverno chegou tão cedo quanto o previsto. A neve caía com força lá fora, nos impossibilitando de sair. O lago, como sempre, congelava, deixando a água ainda mais transparente, as árvores ao redor, incluindo o enorme carvalho com seus galhos caídos, pareciam feitas de pequenas gotículas de diamante, tudo era magnífico à sua própria forma.

Todos os dias, apesar do inverno rigoroso, Elliot saia patrulhar, para evitar surpresas que pudessem espreitar o palácio, ao final de cada verificação, ele sempre dizia que não havia nada, mas por algumas vezes notava sua respiração pesada e o suor escorrendo em sua testa. Sempre permaneci quieta quanto a esses assuntos, rezando apenas para que ele voltasse vivo.

Desde aquele dia, a luz violeta nao se manifestou mais, o que me fez refletir se aquilo tudo de fato, havia sido real. Apenas a cicatriz nas costas de Nora, me fazia crer que o ataque não fora obra de um pesadelo.

– Não deve demorar muito para Lucinda chegar. – Nora começou a juntar algumas ervas e folhagens, deixando-as em cima da mesa.

– Achei que as seções com ela tinham terminado. – Roubo um biscoito da forma que Laurie acabara de tirar do forno, mas logo a vejo pegá-lo de volta, colocando de volta na bandeja.

Lucinda havia sido a pessoa a salvar a vida de Nora, e quem a manteve longe de infecções, entre outras coisas durante a recuperação, assim dizia Laurie.

– Aquele garoto vai vir com ela de novo?

Os olhos de Nora me encaravam frustrados.

– Esse mesmo garoto foi quem ajudou você, sabia? – Reviro os olhos, fazendo-a enrugar a testa.

Apenas dou de ombros, saindo da cozinha, mas não antes de roubar o biscoito. Assim que vejo Laurie dar passadas fortes em minha direção, começo a correr o mais rápido que posso para longe da cozinha, olhando para trás a vejo me encarando, com os olhos semicerrados próxima a porta. Faço uma careta para ela, enquanto continuo andando, dando um sorriso em seguida, mas antes de me virar para continuar meu caminho, acabou por colidir em alguém, o que me faz perder o equilíbrio e cair no chão.

– Caramba, as pessoas não olham para onde andam, não? – Levanto o olhar, dando de cara com tia Lucinda e Maven, o garoto me encara com um sorriso debochado nos lábios.

Posso sentir meu rosto queimar, com a raiva crescente que aquele sorriso me causa, apenas me detenho quando ouço o som dos sapatinhos de Nora ecoando pelo corredor. Me levanto do chão, desamassando minha roupa e espero até Nora estar ao meu lado.

– Oh, minha querida, perdoe esse meu sobrinho desastrado! – Cerro os punhos, apenas dando um sorriso de leve.

O garoto volta para o lado da mulher, continuo encarando-o por um tempo até perceber que ele uma vez ou outra, me encara de volta, com um meio sorriso nos lábios, isso faz meu sangue ferver.
Seus olhos verdes me lembravam esmeraldas puras, ao mesmo tempo que seus cabelos eram o contraste perfeito do entardecer de um verão escaldante, se aquele garoto não fosse tão irritante, até poderia o considerar “apresentável”. Assim como Lucinda tinha cuidado de Nora, Maven foi quem cuidou da minha fadiga, o garoto havia se tornado aprendiz de sua tia, que falava com muito orgulho da habilidade do sobrinho.

– Vamos, senhorita Lilith, leve Maven para dar uma volta pelo palácio... - Meu olhar encarou Nora na mesma intensidade que encarava o garoto até a pouco tempo.

– Porque tem que ser eu? Laurie não pode fazer isso?

Observo Laurie dar um aceno para mim, antes de entrar na cozinha, pude ver seus lábios sussurrar um: "Isso é pelos biscoitos".

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