Cap. XVII - Poder.

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Lilith.


Duas semanas se passaram desde que esse buraco se abriu em meu peito. Quase uma semana que estou acomodada em um dos quartos de visita do Palácio Principal. Desde que tudo aconteceu, fico o mais distante possível de Beatrix e sua corja, vejo-as de vez em quando conversando e me lançando olhares estranhos. Nessas horas agradeço a Elliot por ter me ensinado as técnicas de respiração, pois são elas que me mantêm calma. Assim que Donzela Adelina nos dispensa, me despeço de Abigail e saio da sala, voltando imediatamente para o Palácio Principal.

Desde então evito ao máximo sair do quarto, Laurie permanece comigo a maior parte do tempo, às vezes ficamos quietas por tempo o suficiente, para escutar o coração de ambas batendo. De vez em quando, puxamos algum assunto, mas dificilmente damos continuidade a ele. Elliot agora passa a maior parte do tempo com o Imperador, após ficar sabendo da possível ameaça de invasão durhaniana a Gallaham. No fim das contas, somos apenas Laurie e eu.

Em uma das tarde, após o treino com Donzela Adelina, Elliot estava me esperando na porta da frente e pela expressão em seu rosto, as notícias não eram nada boas, ele não falou nada até estarmos dentro da carruagem.

- Chegou mais uma carta de um de nossos espiões na fronteira - ele suspirou, desviando o olhar para a pequena janelinha do veículo. - Parece que os rumores não são mais rumores.

Por mais que estivesse por fora de assuntos políticos, eu sabia o que aquela frase significava.

- Então vai acontecer? - pergunto, vendo-o confirmar com a cabeça. - Você vai lutar?

Ele fica pensativo, até que respira fundo e solta o ar aos poucos, voltando a dizer:

- É meu dever como um guarda imperial, não há nada a ser feito.

- Entendo. - pondero, permaneço calada por alguns instantes, então volto a falar: - Laurie vai ficar louca, ela acabou de perder Nora, e agora pode perder você.

E eu também. Porém, não ousaria dizer isso a ele, não quando ele foi mandado para o meio do nada, para proteger uma mera criança abandonada. Ele já havia sacrificado mais do que o suficiente.

Ele não respondeu, apenas permaneceu em silêncio. Sabíamos que aquilo poderia destruir Laurie, então precisávamos encontrar as palavras certas para dizer a ela.

Quando chegamos no Palácio Principal, o Imperador nos esperava no corredor que dava para os quartos.

- Como está sendo seu dia? - Seu olhar se voltou para mim, um sorriso estampava seu rosto.

- Interessante! - Trinco os dentes, tentando segurar a língua, mas a raiva começa a dominar meu bom senso. - Acabo de saber que pretende mandar outra pessoa que conheço para a morte.

Elliot arregala os olhos, enquanto o Imperador gargalha alto.

- Você me lembra muito a sua mãe, e não apenas os olhos. - Ele se aproxima de mim, levando a mão até meus cabelos, os bagunçando. - Elliot irá apenas fazer o reconhecimento do local, apenas isso.

Observo os dois por um tempo, olhando primeiro para um e depois para o outro, por mais que eu queira acreditar naquelas palavras, algo dentro de mim parece gritar o contrário.

Por hora, apenas concordo. Entro no quarto enquanto os dois continuam conversando, agora um pouco mais afastados da porta. Ao entrar no cômodo, encontro Laurie com os olhos marejados, então compreendo que provavelmente ela tenha escutado tudo, e nossa tentativa de contar as coisas calmamente se vai por água abaixo.

Me aproximo dela, envolvendo-a num abraço, ela se aninha em mim, choramingando baixinho.

- Ele não vai pra guerra, Laurie, só vai fazer reconhecimento, meu pai acabou de me prometer isso, está bem? - Ela balança a cabeça ainda aninhada em meus braços.

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⏰ Última atualização: Oct 18 ⏰

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