Cap. XII - Palácio Outono.

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ARCO 2: 
Palácio Outono.

Duas horas e meia.

Esse era o tempo necessário para chegar no Palácio Outono. Do Palácio Inverno, teríamos que voltar até o portão principal, para então pegarmos a estrada feita de pedras cinzas esbranquiçadas, que levava para os palácios anexados ao Palácio Principal. Seguiríamos adiante mais alguns minutos, então iríamos pegar a segunda entrada para irmos direto ao Palácio Outono. Assim que a carruagem cruzou os portões enferrujados do Palácio Inverno, o balançar da mesma me fez adormecer quase o caminho inteiro. Em parte, porque não consegui dormir direito na noite anterior, e os pesadelos não foram o motivo desta vez.

Os sonhos que vieram com quase duas horas de sono, foram bons, tranquilos, quase um alento para as noites em que os pesadelos vinham, me deixando aterrorizada. Ao acordar, me espreguicei, erguendo meus braços acima da cabeça, soltando-os devagar, os olhos de Nora e Laurie recaíram sobre mim, acolhedores.

– Conseguiu descansar bem, princesa? – Nora perguntou com um sorriso no rosto.

Apenas balancei a cabeça, assentindo. Laurie acariciava a barriga, enquanto Nora voltava a bordar alguma coisa, provavelmente algum presente para a sobrinha ao seu lado. Mais especificamente para o bebê. Segundo tia Lucinda, a mulher já deveria estar de mais ou menos de 6 meses, talvez um pouco mais, não dava pra ter uma precisão certa, mas os cuidados deveriam ser enorme nos próximos dois meses, por isso sempre ajudava Nora e Laurie com as tarefas, e isso não mudaria mesmo num lugar diferente.

Um som de vozes chamou a minha atenção, afastando a cortina da pequena janelinha, pude ter um pequeno vislumbre de pessoas transitando próximo da estrada principal, alguns vestiam roupas da guarda imperial, outras estavam com roupas comum de empregadas, umas até mesmo usavam vestidos mais destacados, provavelmente alguma nobre fazendo visitas ao Palácio Imperial.

Quando o olhar de uma mulher recaiu sobre mim, pude ver seus olhos arregalados, o que me fez se encolher contra o estofado da carruagem. Por um momento, senti minhas bochechas arderem, envergonhadas. Fechei a cortina novamente, encostando minha cabeça contra o estofado, mas de repente a carruagem pareceu fazer uma curva um tanto sinuosa, então espiei pela janela e pude ver uma floresta de pinheiros e eucaliptos se erguer ao nosso redor, arbustos de flores silvestres estavam começando a florescer próximo da estrada e iam se alastrando por todo o caminho, até um enorme portão de ferro com detalhes em vermelho, com um arco acima com o desenho de um pássaro outonal.

Quatro guardas estavam a postos quando a carruagem se aproximou, dois deles cruzaram suas lanças em frente ao enorme portão, os outros dois foram se aproximando do veículo de maneira cautelosa, por um momento uma certa tensão pareceu pairar sobre o ambiente, mas assim que Elliot desceu da parte de trás da carruagem e se aproximou dos guardas, a feição do guarda mais carrancudo se suavizou, e um sorriso se estampou no rosto dele. O guarda imperial abraçou Elliot, dando-lhe tapinhas nas costas, enquanto – provavelmente – apresentava os outros dois homens. Alguns minutos se passaram, então pude ver quando o enorme portão à nossa frente, se abriu, nos dando passagem.

A floresta continuou se estendendo pelo caminho conforme o Palácio começava a aparecer. Assim como Laurie dissera, ele era realmente deslumbrante com suas paredes de pedra branca com enormes janelas, algumas do terceiro andar até mesmo possuem vitrais com formas intrincadas, a do centro possuía o desenho de um pássaro outonal, provavelmente feito exclusivamente por algum artista de renome do Império. A carruagem contornou uma enorme fonte de mármore com uma mulher esculpida no centro, onde a mesma tinha seu braço levantado com uma espada em mãos, apontando para o céu, meus olhos se fixaram naquela escultura, e do quão familiar ela pareceu para mim. Apenas quando a carruagem parou após fazer a volta, é que minha atenção se voltou para o outro lado, onde uma porta de carvalho se abria, mostrando a figura de uma mulher alta, com cabelos pretos, alguns fios brancos já em evidência e olhos azuis, com um vestido simples preto e um avental branco ao redor da cintura. Devia ser algo específico dos palácios imperiais aquele coque no alto da cabeça. Tanto a mulher que saía para fora do palácio, quanto Nora e Laurie a minha frente, possuíam aquele coque ridículo no alto da cabeça.

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