Imperatrix.

Cap. VII - Arrependimentos.

O som de cascos contra o caminho de pedras do Palácio Inverno, ecoava por todo o terreno, o que me fez saltar do sofá da biblioteca e correr em direção a sala de estar, onde Nora, Laurie, Rose e Sol já se encontravam esperando pela carruagem que agora parava em frente da porta principal do palácio.

As mulheres optaram por um vestido simples de linho comum entre as empregadas do Palácio Principal, ambas amarraram os cabelos no alto da cabeça, em coques perfeitamente elaborados com algumas presilhas, dando um ar um pouco mais sofisticado do que normalmente elas usariam.

Ao abrirem as portas e os olhares de todos se desviarem para a carruagem, um longo suspiro escapou de todas em uníssono, o que me fez rir baixinho e os olhares agora desviarem para mim.

Nora arqueou uma sobrancelha, apenas dei de ombros.

– Elliot, as coisas pro almoço estão praticamente prontas. – Os olhos de Nora repousaram sobre o guarda que apenas assentiu. – E se por um acaso demorarmos mais que o previsto, esquente as sobras do almoço para a janta.

A carruagem voltou a trotar assim que as mulheres entraram na mesma, e logo depois que a mesma sumiu pelo portão, dei as costas voltando para a biblioteca.

A manhã foi silenciosa o suficiente pra me fazer ficar entediada de apenas ler, e escutar minha própria voz em minha cabeça. Larguei os livros na escrivaninha de centro e perambulei pelos corredor do palácio até chegar na cozinha, onde Elliot já se encontrava terminando o almoço.

– Esse lugar sem elas é tão... – ponderei as palavras que iria usar por um tempo. – ... chato? Entediante? Triste?

Elliot riu baixinho enquanto continuava a preparar a comida.

– Realmente, princesa, tudo fica muito quieto sem elas.

– O que a Nora deixou encaminhado? – Fiquei na ponta dos pés, tentando observar o que tinha dentro da panela.

– Um desfiado de cordeiro com arroz e ervas finas, e salada de tomate com pepino. – Ele apontou para a bacia do canto, onde estavam as saladas. – Vindas diretamente da nossa horta!

Abri um sorriso para ele e me coloquei diante das saladas, pegando uma faca e alguns tomates, comecei a picá-los em pequenas rodelas.

Alguns minutos depois, encontrávamos sentados no balcão, desfrutando de um excelente almoço.

Depois do almoço, ajudei Elliot a organizar a cozinha e nos encaminhamos para a horta a fim de começar a colher os produtos, para que Rose e Sol pudessem vendê-los na feira que aconteceria em dois dias, na praça principal da cidade.

Por uma pequena fração de segundo, me peguei imaginando estar diante de toda aquela gente, gritando e conversando a fim de vender seus próprios produtos, e tudo que pude fazer foi sorrir, ao ver as pessoas tentando dar o melhor de si para levar o ganha pão pra casa.

A última colheita que tivemos dos produtos de nossa horta, foi dividida igualmente entre todos nós, com o acréscimo de uma ou duas moedas de prata a mais para Rose e Sol que eram as responsáveis pelas vendas.

Deixando um longo suspiro escapar, peguei a bacia e caminhei até a horta, onde Elliot já se encontrava colhendo os vegetais.

Algumas horas depois, todos os produtos já estavam sobre a mesa da cozinha, devidamente lavados e separados em sacolas de tecidos prontos para o dia da feira.

Fizemos um pequeno lanchinho com um bolo de laranja que Laurie havia deixado pronto, e tomamos um chá de camomila com hortelã, que Nora também preparou antes de sair, e logo depois, nos encaminhamos para a clareira.