Cap. VIII - A Carta.

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Dois dias depois da reunião, Rose, Sol e até mesmo Laurie foram para a feira que acontecia uma vez por semana no mercado imperial, na cidade. Laurie disse que visitaria uma curandeira, pois estava alguns dias com dores estranhas na região do abdômen e não queria arriscar nenhum tipo de dor muscular ou alguma doença contagiosa. Enquanto isso, o resto de nós acabou ficando no palácio, ansiosos pelo passar do dia e para que as três voltassem, porque a feira de hoje era diferente.

A cada final de colheita da estação correspondente, a barraca na feira que tivesse mais vendas, ganhava um passe livre para vender seus produtos num enorme galpão, dedicado exclusivamente a classe nobre do Império, onde os empregados da nobreza de Arkham vinham comprar seus produtos para seus patrões. Naquele galpão, você mesmo quem estipulava o preço do seu próprio produto, ou o quanto quisesse vender por cabeça. É claro que qualquer bom vendedor deve levar em consideração a oferta e demanda. Rose e Sol sempre foram ótimas vendedoras, pois conheciam cada um de nossos concorrentes diretos, e sempre faziam promoções boas o suficientes para vender nossos produtos e no fim ainda lucrar com isso. Por conta disso, sempre deixávamos isso por conta delas.

O dia passou de forma mais arrastada que o normal, talvez a ansiedade pelo resultado, ou pela carta que chegaria naquele final de tarde, trazendo consigo a notícia de que duas delas logo estariam se despedindo de nós. Quando o relógio soou quatro horas da tarde, corri da biblioteca para a sala de estar, então me afundei no sofá encarando a porta, esperando e esperando e esperando.

Me levantava, caminhava de um lado para o outro, me sentava novamente, para logo então levantar novamente e refazer o mesmo trajeto. Quando fixei meus olhos no relógio e o ponteiro dele cravou às quatro e meia, girei nos calcanhares e encarei a porta. Naquela hora na feira, o resultado estaria sendo divulgado, apesar de estar longe podia sentir o nervosismo percorrer cada veia do meu corpo, fazendo meu coração palpitar, meus olhos desviaram por poucos segundos quando Nora entrou na sala e me encarou com um sorriso no rosto e uma sobrancelha arqueada.

- Você é tão impaciente quanto sua mãe era. - Abri um sorriso para a mulher, para logo voltar a encarar a porta. - Elas não vão voltar antes, só porque você está encarando a porta.

- Oras, eu sei disso, Nora! - Revirei os olhos. - Mas você não está nervosa?

Meus olhos se voltaram para Nora.

- Não, se for para ganharmos, vamos ganhar, se não, tentaremos outro ano.

Nora deu de ombros, se retirando antes que eu pudesse responder.

Não poderia ser outro ano, tinha que ser esse, por alguma razão tinha que ser. Algo dentro de mim, dizia que não teríamos outro com nós todos juntos, e não se devia apenas ao fato de que duas delas estavam indo embora, algo a mais nos aguardava, algo no fundo do meu âmago gritava isso. Mordiscando meu lábio, acabei me rendendo, então segui a velha babá até a cozinha.

Quando entrei na mesma, senti o cheiro de bolo de milho invadir minhas narinas e um largo sorriso se abrir em meus lábios.

- Porque não avisou que tinha bolo? - Me sentei num dos bancos.

Nora deu de ombros.

- Você não perguntou.

Ri baixinho, diante a ousadia da velha senhora.

Nora cortou um pedaço para mim, enquanto me servia uma xícara de chá. Assim que mordi o primeiro pedaço de bolo, vi Elliot entrar na cozinha com o canto dos olhos, pude ver quando suas narinas dilataram com o cheiro.

- O cheiro nem se iguala ao sabor, Elliot, acredite! - Fechei os olhos, balançando a cabeça.

Nora e Elliot se encararam por alguns segundos, rindo juntos.

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