Cap. II - Encontros.

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Mais uma vez o inverno se despedia. A neve começava a desaparecer conforme a primavera dava seus primeiros sinais. Os animais da pequena floresta atrás do palácio começaram a sair de suas casas, procurando comida e alguns até mesmo se aventuravam ao redor do lago, os pássaros agora pousavam nos galhos, cantarolando como se apenas aguardassem o astro principal emergir.

Há quase dois anos atrás, implorei para que  Elliot me treinasse, para que eu não precisasse depender de ninguém quando a minha vida ou a de alguém que me era importante estivesse em perigo. Nora fora contra no início, mas ela sabia que aquilo era necessário para a minha sobrevivência.

Todos os dias, íamos para a enorme clareira que circundava o pequeno lago, no começo Elliot era um pouco mais calmo e gentil para explicar os princípios básicos do manejo de espada, ele sempre dizia: “Uma pessoa sem convicção, jamais merecerá tocar em uma”. Desde então me dedico em cumprir qualquer tarefa imposta por ele. Além do mais, pedi também para que Elliot me treinasse no combate corpo a corpo, para que jamais dependesse apenas de uma lâmina.

Ao chegarmos na clareira, nos encaminhamos para próximo ao enorme carvalho, deixamos a maior parte das coisas próximas a ele, observando-o pegar duas espadas de madeira e caminhar em minha direção.

– Está pronta, princesa? – Ele joga a espada para mim, eu a pego de imediato, então ele aplaude com um sorriso no rosto. – A primeira vez que fiz isso, lembro como sua testa ficou roxa por dias, Nora quase me chutou daqui.

Gargalho alto, vendo-o rir também.

– Lembro da cara dela apavorada, quando cheguei com aquele galo enorme na cabeça. – Balanço a cabeça, recordando o momento.

Começamos a bater as espadas, de forma calma e suave.

– Achei que ela iria desmaiar. – dizia ele, me encarando com um sorriso.

Por horas o som das espadas se chocando, era o único que ecoava naquele lago, uma vez ou outra fazíamos uma pequena pausa, para beber água e comer algum lanche que Laurie ou Rose traziam para nós.

A noite começava a cair e o cansaço a aparecer, sento no chão com a respiração pesada e com suor escorrendo por toda a minha testa, passo uma toalha – que Nora trouxe – pelo meu rosto, sentindo o cansaço se acumular cada vez mais sobre meu corpo.

– Você está horrível para uma princesa! – Um olhar esverdeado me encara com um sorriso sarcástico.

– Olha quem fala!

– Eu não sou uma princesa. – Maven me observa por um momento, me fazendo dar de ombros.

Pude ver um músculo da mandíbula de Elliot se contrair.

– Garoto, olha como fala com a princesa. – O guarda ergueu sua espada e a abaixou rapidamente, fazendo um zunido soar.

O garoto se encolheu, um sorriso amarelo brotou em seus lábios.

Ele me encarava com o canto dos olhos, seu olhar gritava por socorro, viro o rosto para o lado apenas, assobiando para o nada, contendo o riso.

– Sim, senhor! Desculpa, senhor!

O sorriso no rosto de Elliot ao se retirar e piscar para mim, me fez gargalhar alto.

– Com você como amiga, quem precisa de inimigo? – choramingou, voltando a caminhar.

Meus olhos começaram a segui-lo até que por fim o vi sentar no chão, e se recostar no tronco do enorme carvalho que ficava de frente para o lago. Por um momento, passo o olhar por toda a floresta, fecho os olhos e escuto cada som que ecoa de dentro dela, um leve balançar dos galhos por conta da brisa que soprava, até mesmo o leve farfalhar dos coelhos se escondendo em suas tocas.

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