Cap. IV - Segredos.

59 11 91
                                    

A chuva caía intensamente, os trovões e raios cortavam o céu acima do Palácio Inverno, fazendo-o tremer. Apesar de aparentar ter uma estrutura forte, o Palácio Inverno era um dos anexos mais antigos do território Imperial, tendo sido o primeiro palácio de Zephyr, logo após a fundação de Arkham.

Cada vez que um trovão ecoava pelo céu, meu coração parecia pulsar na mesma proporção, me fazendo encolher-se no sofá da sala de estar.

Por conta do caos que estava lá fora, minhas aulas com Elliot haviam sido canceladas. O guarda havia aproveitado a situação e pedido o dia de folga para Nora, que concedeu. Quando o vi sair pela porta principal, ele tinha apenas uma simples bolsa, com as capas de chuva que Nora confeccionou, Laurie o acompanharia naquele dia.

Pego um dos livros que se encontra na mesinha de centro, começo a folhear ele, porém minha curiosidade estava em saber para onde Elliot iria naquele dia .

Começo a procurar Nora pelo palácio, enquanto passo próxima da cozinha vejo Rose e Sol conversando alguma coisa baixinho, como se não quisessem que ninguém as escutasse. Me recostando sobre a parede, grudo meus ouvidos próximos do batente da porta tentando ouvir sobre o que elas conversam, porém ouço passos vindos do corredor atrás de mim, com passadas rápidas, passo pelo vão da porta que dá acesso a cozinha, chegando ao final do corredor, me encolho contra a última porta do lugar, tentando me esconder.

Porém, um cheiro estranho começa a emanar por de trás da porta, torço meu nariz conforme o cheiro se torna cada vez mais intenso. Curiosa com o cheiro, giro a maçaneta da porta, abrindo-a, um rangido ecoa pelo corredor, imediatamente ouço alguns passos vindo da direção da cozinha, o que me faz abrir o restante da porta e deslizar para dentro do cômodo.

Minhas mãos começam a tatear a parede, curiosa pelo lugar e intrigada pelo cheiro. Quando um raio corta o céu, tenho um breve vislumbre de uma pequena janela no alto da parede, que ilumina uma boa parte do lugar. Meus olhos rapidamente passam por todo o cômodo, observando o máximo que posso. Noto móveis velhos e empoeirados, alguns até quebrados, quando outro raio corta o céu, posso ver uma pequena caixa próxima do pé de uma mesinha.

Me agachando no chão, começo a engatinhar, sentindo a poeira tocar minhas mãos, e o cheiro ficar cada vez mais forte. Pela terceira vez, um raio corta o céu, seguido de um profundo trovão, meu corpo enrijece e fecho os olhos, esperando o medo passar. Volto a engatinhar, finalmente chegando próxima a caixinha, toco-a e abro um sorriso. Meus olhos começam a passar pelo lugar, logo a frente da onde a caixinha estava, marcas de mofo começavam do piso e subiam até o telhado. Quando respiro fundo para sentir o cheiro, e com meus olhos já adaptados à escuridão do quarto, levo minha mão até a boca ao ver os restos de um animal morto, próximo a parede mofada.

Torço o nariz, sentindo meu estômago embrulhar.

Me arrasto até a porta, segurando a caixinha com uma das mãos, sinto algo atingir minha cabeça, grunho baixinho, escutando um leve som ecoar pelo lugar. Por alguns instantes permaneço imóvel, mas o alívio vem quando identifico o copo caído ao lado.

Novamente volto a engatinhar até sentir a batente da porta tocar meus dedos. Levanto devagar, bem rente a porta para não fazer mais barulho, ao girar a maçaneta e abrir a porta, o rangido novamente ecoa pelos corredores, deixo um palavrão escapar de minha boca.

Enquanto fecho a porta atrás de mim, percorro meu olhar pelo corredor, ficando atenta a qualquer movimentação. Quando finalmente o pequeno estalo da porta se fechando soa, levo minha mão ao peito, soltando a respiração que nem ao menos notei estar segurando.

Começo a caminhar pelo corredor lentamente, enquanto meu olhar se focava na caixinha em minhas mãos, limpo a poeira, notando duas iniciais gravadas nela: I.D.

Imperatrix.Onde histórias criam vida. Descubra agora