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NOAH URREA

|meses depois...

- Noah! Acorda! - Resmunguei quando senti minha esposa me sacudindo.

Abri os olhos com muito custo, vendo Sina sentada na cama, me encarando.

- O que foi, linda? Vai dormir... — Resmunguei.

- Amor, fica calmo! Sem desespero... A bolsa estourou. - Minha mulher disse em um tom de voz calmo e eu olhei para ela, tentando raciocinar o que ela estava falando.

Bolsa?

PORRA! A BOLSA.

- Caralho! - Praticamente gritei, levantando-me da cama e correndo até o closet - Buceta! - Gritei quando bati o dedo do pé na quina da parede.

Vesti as primeiras peças de roupa que eu vi pela frente e peguei a bolsa que já havíamos organizado, com tudo que iríamos precisar para o parto e voltei para o quarto, vendo a Sina em pé, ao lado da cama. Ela já havia tirado o pijama e estava com um vestido largo e o cabelo solto.

Em que momento ela trocou de roupa?

- Está com pressa, meu filho? Sua camisa está do lado contrário... - Ela disse.

- Linda! Calma, vem! Apoia o braço aqui... - Falei chegando ao seu lado e dando o meu ombro para ela apoiar. - Respira! Vai ficar tudo bem.

- Eu sei que vai, Noah! Fica calmo. Você está tremendo... - Minha esposa falou apoiando o braço no meu ombro e me guiando para fora do quarto.

É impressão minha ou ela está calma?

•••

- Essa porra não abre... - Eu falei tentando abrir a porta do carro com o máximo de força que eu conseguia, e nada!

- Claro que não! Você não destrancou o carro. - Sina disse me encarando com tédio e eu a olhei, pegando a chave no meu bolso e destrancando o carro, em seguida abrindo a porta.

Parece que quem está grávido aqui sou eu...

Assim, vai simplesmente sair duas crianças de dentro dela em poucas horas e ela está calma.

Eu acho que eu vou desmaiar.

•••

- Noah! Você vai bater essa merda desse carro! Para de acelerar! - Sina chamou a minha atenção, após eu quase bater o carro pela quarta vez na noite.

- Aqui é pique velozes e furiosos! Fica tranquila - Falei cortando mais um carro.

Já fugi da polícia em velocidade máxima inúmeras vezes, não é possível que eu vá bater o carro enquanto a minha mulher está em trabalho de parto.

- Nós temos até um dia para chegar lá, amor! Relaxa! Eu até me atreveria a te oferecer um boquete nesse meio tempo, mas do jeito que você está nervoso eu duvido que seu pau iria subir. - Minha mulher falou em um tom tranquilo e eu a encarei.

Não é possível que só eu esteja surtando nesse carro.

- Você está falando isso agora, eu duvido que na hora do parto mesmo você não vai fazer escândalo, ou pelo menos ficar nervosa... - Eu disse.

- Até parece - Sina disse dando de ombros - Eu tenho classe, meu amor.

•••

- PUTA QUE PARIU! AI CARALHO! - Sina gritou - EU VOU MORRER.

- Calma, linda! Respira! - Falei tentando tranquiliza-la, por mais que eu também esteja surtando por dentro - Vai ficar tudo bem.

Para completar o meu infarto, o obstetra está simplesmente dedando a minha mulher...

Eu acho que meus filhos não vão nem me conhecer;
Eu já estou morrendo antes mesmo de eles nascerem.

- Claro, porque não é do seu cu que está saindo duas crianças, seu filho da puta! - Ela gritou novamente.

Gente, e a classe que ela tinha?

- Já está quase, mamãe! Faz só mais um pouquinho de força, eu já estou vendo um. - Dr. Chevalier disse e Sina gritou mais uma vez enquanto apertava a minha mão.

- Porra! Eu não vou aguentar. — Sina disse.

- Claro que vai, linda! Só mais um pouquinho, hm? Nossos filhos estão saindo... - Falei.

- Dá próxima vez que você vir com esse papo de gozar dentro, eu vou te estapear, seu otario! - Ela resmungou, voltando a fazer força.

Na hora ela que pede e agora eu que sou culpado...
É lamentável a vida de um homem injustiçado.

- O primeiro já está saindo! - O obstetra disse e Sina apertou ainda mais a minha mão, quando um som de choro invadiu a sala, fazendo-me arregalar os olhos.

A minha filha...

•••

- Injusto, muito injusto! Eles são a sua cara! — Sina reclamou, segurando a Maitê enquanto eu segurava o Matthew em meus braços, completamente encantado com a cena em que eu presenciava.

- Ela parece mais com você! Já ele não tem como negar, meu menino é a minha cara. - Falei sorrindo, enquanto passava os dedos lentamente por cada canto do rosto do meu filho.

Eles são tão pequenos, tão frágeis...

- São as coisas mais perfeitas que eu já vi. Vocês três. - Minha mulher disse e eu sorri, me inclinando e beijando os seus lábios.

A cada dia que passa o meu amor por ela aumenta, mesmo que isso pareça impossível.

- O padrinho mais gostoso do pedaço chegou! - Josh praticamente gritou, abrindo a porta do quarto, juntamente com Jett, meus sogros e a Sabina.

- Cala a boca, moleque! - Minha sogra o repreendeu. - Aí meu deus... Eles são as coisinhas mais lindas desse mundo.

Eu que fiz...

Porra, meus filhos, minha esposa, minha família!
Quem diria?

letters to a prisoner | noartOnde histórias criam vida. Descubra agora