please, let me get what i want

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     Acordei, me levantando daquela cama dura e desagradável, com dor em minhas costas

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     Acordei, me levantando daquela cama dura e desagradável, com dor em minhas costas. Já vi que o dia seria longo.

     É estranho lembrar que tudo estava ótimo até algumas horas antes daquilo acontecer. Foram bons momentos, para variar. Ah, a sorte que eu tenho poderia tornar qualquer bom homem em alguém amargo. Eu só queria, por uma vez na vida, conseguir algo; Conseguir fazer algo, viver algo, o que fosse. Deus sabe que seria a primeira vez.

     Nem me dei o luxo de tomar café da manhã. Peguei minha mochila, tirando todas as roupas e outras coisas que não eram da escola, deixando apenas os livros, cadernos e outros materiais na mesma. Tomei um banho que, para completar a minha desgraça, foi de água fria, pois o chuveiro estava com problema. Pus uma roupa qualquer para ir ao colégio, já logo saindo do edifício, indo às ruas.
     Para falar a verdade, ainda estava bem cedo para ir à escola, mas eu quis sair, mesmo assim. Precisava de um "passeio", precisava andar e esfriar a cabeça.

     Não consegui pensar em nada no caminho mas, ao mesmo tempo, sentia que minha mente estava cheia, e que me sentia ansioso; Estava alheio, com o corpo pesado e dolorido, e parecia que nada poderia ficar pior naquele momento. Eu não tinha mais casa, eu não tinha mais família, sabe se lá o que aconteceria comigo. Não tenho mais certeza de nada, nem se terei um teto essa noite, ou se jantarei hoje.

     Vi em meu celular que o tempo já batia na porta, me avisando que o tormento de ter que ficar enfurnado em uma sala fechada com 30 e poucos alunos por 5 horas estava próximo. Segui caminho ao meu colégio, em passos lentos, quase arrastados.
     Quando entrei, fui pra qualquer canto do local, sem muita vontade de falar com alguém. Porém, vi Sally vindo em minha direção.

     — Ei, Travis! — Cumprimenta Sal, em seu tom animado de sempre. Olho para ele e sorrio falsamente, mas não consegui mascarar bem o meu desânimo — Tudo bem? — Sua voz rapidamente muda para preocupação.

     — Só estou cansado, não dormi bem hoje — O que era verdade, só não era toda a verdade.

     — Ah, que droga... — Lamentou. Suspirei pesadamente em resposta. Por algum motivo, senti que ele sabia que era mentira, mas eu realmente não queria tocar no assunto na hora.

     Não conversamos até o intervalo depois disso. Eu não queria falar, não queria olhar pra ninguém. Eu estava acabado. Admito, dormi durante as duas aulas de matemática que tivemos mas, dessa vez, ninguém reclamou ou me acordou, nem mesmo Sally, que era sempre o primeiro a me dar um cutucão ou jogar uma bolinha em mim.
     Quando o recreio começou, acabei não ficando com meus amigos, e fui à aquele velho banheiro abandonado, qual eu ficava antes de conhecê-los. Não consegui comer, pois me senti enjoado demais pra isso. Sabia que quando voltasse pra casa estaria morrendo de fome. Ah, verdade... Que casa?
     Tivemos mais três aulas que, sinceramente, nem me lembro de quais matérias eram, já que não prestei a mínima atenção. Eu podia sentir os olhares curiosos e desassossegados de Sal para mim. Eu sabia que ele estava desconfiado do que podia ter acontecido comigo, porém eu não posso falar com ele agora.
     Como imaginei, logo após a aula acabar e sairmos da sala, em um momento em que estávamos sozinhos, ele veio até mim para esclarecer as coisas.

blue eyes like the devils waterOnde histórias criam vida. Descubra agora