Capítulo Onze.

272 36 190
                                    

"É impossível lutar com o que a alma escolheu."

(Jean-Paul Sartre.)

| ⊱ 11 ⊰ |

Descalços e em meias, eles ainda deslizavam pelo piso, cada passo como uma pintura em movimento, fluidos como se estivessem seguindo uma coreografia invisível e ensaiada por muito tempo. 

— Sério? Você não vai responder? — Kelvin perguntou, a voz ainda brincalhona, enquanto girava levemente nos braços de Ramiro, que riu baixo, a respiração tocando a pele alva.

— Você já prestou atenção, com calma, na letra?

O ruivo franziu as sobrancelhas por um momento, como se a pergunta fosse idiota demais e isso fosse engraçado. Um sorriso travesso surgiu em seus lábios de novo. Não conseguia parar de sorrir até os olhos.

— Claro que já! E é por isso que preciso que você responda. — disse, permitindo-se ser puxado um pouco mais para perto.

Viu o momento que o outro sorriu de volta, sentiu florescer o peito quando o mesmo apertou melhor sua cintura com uma das mãos e respirou fundo quando ele inclinou a cabeça para que seus lábios ficassem muito próximos ao seu ouvido.

— Oh, but you're lovely... With your smile so warm... And your cheeks so soft. There is nothing for me, but to love you... *

Kelvin fechou os olhos por um momento, absorvendo a sensação da voz tão próxima e íntima. Suas mãos apertaram um pouco mais, quase involuntariamente, o ombro e o braço do maior, sentindo cada palavra quando ele finalizou, sussurrando com um sorriso:

— Just the way you look... Tonight.

E abriu os olhos, encontrando o olhar profundo de Ramiro, que parecia brilhar com uma mistura de carinho e mil estrelas. Riu baixinho, balançando a cabeça. Sentia-se mais do que bobo.

— Ok, ok, eu acredito. — admitiu, com um sorriso quase envergonhado. — Você realmente ouviu a música.

— Só porque você indicou. — respondeu, os olhos nunca deixando-o e abraçando-o contra si, enquanto continuavam a deslizar.

Ramiro continuou a melodia, apenas com seus murmúrios, com efeitos quase hipnóticos, e a sua respiração, quente e ritmada.

Rams... — Kelvin começou, o apelido escapando de seus lábios antes que ele percebesse.

O homem grande pareceu arfar, interrompendo a própria canção, claramente surpreso.

— Giulia te chama assim, e... Bem, eu acho que combina com você. — sentiu necessidade de explicar, tentando manter a voz estável.

— Se me chamar assim de novo, vou ter que te beijar.

Kelvin parou por um momento, sentindo o coração acelerar um pouco com a voz baixa do mais velho ressoando em seus ouvidos.

— Por quê?

— Porque parece que você está flertando comigo. — respondeu, enviando um arrepio pela espinha do ruivo, que gargalhou nervosamente, balançando a cabeça outra vez e tentando disfarçar o momento em que precisou desviar o rosto.

— E se eu estivesse?

— Então acho que eu deveria retribuir.

— Você é impossível. — devolveu Kelvin, no mesmo momento, porque seu peito parecia vibrar de uma forma esquisita e ele não pôde evitar um outro sorriso. Nem perceberam quando pararam no centro da sala, os corpos realmente próximos. — De verdade, tão idiota!

A Rifa | AU! KELMIROOnde histórias criam vida. Descubra agora