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Algumas coisas na vida são inexplicáveis, o que vos conto agora é uma delas:

É óbvio que não deu certo.

Dá pra acreditar?

Bom, para mim foi. Quando subi naquele "altar" na praia, eu jamais poderia ter imaginado o que nos esperava. E no fundo, acho que ela também não.

Existe algo mais doloroso na vida do que fazer as malas? Não é só dobrar roupas numa bolsa. É levar consigo todos os sonhos que até então estavam ali naquele armário compartilhado, naquela roupa que não é sua, mas que te acompanha porque o que vale é o pensamento do "tudo que é meu é seu" e vice-versa. É muito mais doloroso do que nos é permitido dizer. Eu não saberia colocar em palavras.

Ir embora de casa já seria difícil, mas se parasse pra pensar em ir embora e deixar para trás os dois pequenos, tudo ficava ainda pior.

Quem dera Larissa se o embora de casa fosse se referindo à aquela mansão.

Seria fácil ir embora de casa se fosse de um apartamento, de uma mansão ou de qualquer coisa do tipo que ela estivesse falando, e não dos braços da mulher da minha vida.

É como se tudo após o divórcio fosse traumático. Tomar um banho, deitar na cama, assistir um filme... Dormir poderia ser traumático. E era.

Com certeza era difícil superar um término de um casamento sem amor, sem companheirismo, sem felicidade... Mas e quando a relação tem tudo isso? O que falta?

Eu também gostaria de saber. E se soubesse, provavelmente não estaria aqui agora.

A mídia já especulava, não havia mais porque esconder. Ohana já não fazia questão de esconder.

Eu fui a mais inconformada. Chorei noites e noites, pedi por mais tentativas... Mas a verdade é que eu também sabia: Não dava para continuar. Estranho que eu coloquei o ponto final mas tentei tantas vezes trocar por reticências... Eu não queria esse fim, apesar de fazê-lo acontecer.

No nosso dedo ainda existe a marca da aliança, a qual nós custamos tanto a tirar. Foi um parto tudo isso. Demandou tempo. Quando vi Ohana livre pela primeira vez depois de tantos anos, sem aliança, sem estar do meu lado em ambientes os quais já não costumávamos andar pois não eram cabíveis, foi triste.

Foi triste quando no fórum nos foi perguntado se já não existiam chances de voltarmos e respondemos que não, mas aceitamos adiar a assinatura do divórcio com a desculpa de que iríamos pensar. Bastou olhar nos olhos dela para saber: Assim como eu, ela sabia que não teria nada pra pensar, mas queria empurrar com a barriga até o dia que lhe fosse permitido. Nós não queríamos aquele papel. Não queríamos assiná-lo, nós nem mesmo queríamos estar aqui.

 Não queríamos assiná-lo, nós nem mesmo queríamos estar aqui

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anitta: Porque vai ser sempre assim. Eu sempre te admirando. Com ou sem eles. Obrigada por tudo. 🤍

Ohana via Stories

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