Larissa sair nunca foi um problema para Ohana antes delas terem filhos, mas depois que as crianças chegaram, ela não conseguia negar esse incômodo. Principalmente quando Theo resolvia ficar com febre justo quando Larissa estava na farra e ela em casa sozinha.
Obviamente, se mandou ela sair, não iria ligar pedindo para voltar e nem deixou que ele o fizesse, por mais que o menino tivesse insistido diversas vezes até que ela finalmente conseguiu colocar ele para dormir.
Ou achou que conseguiu. Lá estava ele chorando. De novo.
De novo.
Chamou por Deus como uma última esperança e voltou ao quarto. Tinha que ser agora.
- Filho, deita lá comigo. Você está doente e vai ficar enjoadinho assim a noite toda, é bem mais prático ficar perto de mim. - pediu mais uma vez
- Não, mãe. Minha mãe Lari vai chegar e vai deitar aqui comigo.
- Ela disse isso? - ele negou - Então, filho! Amanhã sua mãe dorme com você. Vem, vou te dar o remédio e você deita lá comigo.
- Mas eu quero minha mãe!
- Estou indo buscar o remédio, já volto para a gente ir. - ignorou ele e encheu o copinho com o líquido rosa - Toma.
- Não quero tomar.
- Theo, você vai acordar sua irmã de novo. - repreendeu - Ela tem aula amanhã.
- Mas eu já falei que não quero!
- Acontece que não estou pedindo para você tomar. perdeu a paciência, o que demorou até - Eu falo e você obedece. Vamos.
- Eu quero minha mãe. - Ohana respirou fundo
- Certo, meu filho. Agora toma o remédio.
- Que horas minha mãe chega? Eu quero ela. Não era para ela ter saído.
- Agradeça que ela ao menos vai voltar, veja bem, você poderia estar na mesma posição que eu, não é mesmo? Sua mãe volta amanhã e a minha nunca mais.
- Eu quero minha mãe! - ela repensou sua vida inteira para saber se em algum momento dela fez algo parecido com aquilo, mas certamente não. Deveria ser culpa de Larissa. - Por favor, mãe.
- A febre já está passando então eu vou dormir, se você quiser ficar na sala assistindo televisão e jogando para o universo que sua mãe vai chegar, talvez funcione. Fui.
Olhou para Maria que estava se mexendo de novo, certamente incomodada com o barulho que o irmão estava fazendo. Ela ninou a menina por um tempo e depois saiu do quarto, disposta a finalmente dormir. Se fizesse as manhas de Theo, com certeza iriam amanhecer junto com o céu.
Ele virou para o lado da cama e se deitou, se dando por vencido. Finalmente, já era hora mesmo. Quando se deitou para pegar no sono também, o celular começou a tocar com notificações do tipo
"Estou aqui na porta, abre pra mim?" "?????"
Teve que respirar fundo de novo porque honestamente? Preferia que Larissa virasse o dia na festa do que ela voltando para casa para fazer as manias de Theo, que já estava chatinho de tão mimado.
- Oi. - falou quando Ohana abriu a porta
- Falei pra você não vir me incomodar de madrugada. - respondeu curta e grossa, fechando a porta e voltando para o quarto - Mas eu devo falar na única língua que você não entende. Qual é mesmo?
- Polonês. - respondeu numa boa e Ohana lhe encarou com um olhar mortal - Você pergunta as coisas e não quer ser respondida? Ainda acordada?
- Seus filhos me deixam dormir? E fala baixo porque se o Theo começar a chorar mais uma vez eu sou capaz de saltar desse quinto andar sem pensar no curso da minha vida em dois segundos.