Larissa foi a primeira a acordar. Ela sorriu quando abriu os olhos e se deparou com Ohana ali tão perto. Não sabia dizer em que momento da noite a loira e os filhos trocaram de lugar, mas agora Cecília dividia o colo de Larissa com Ohana e Theo estava praticamente colado na parede. Realmente, ótima ideia dormir quatro pessoas na mesma cama.
A loira estava encostada nela de um jeito tímido, tinha a cabeça bem na ponta do ombro de Larissa e a mão direita em seu pescoço. Maria já estava completamente por cima dela.
- Bebê? - chamou Cecília - Mamãe vai te colocar aqui do lado pra você não cair... - avisou mesmo sabendo que a menina não ia responder
Colocou a menina do lado de Theo e ela logo se aninhou ao irmão, nem sequer acordou.
Alguns costumes nem mesmo a mágoa, a ferida e a raiva podem desmanchar. Nem mesmo o tempo pode apagar a intimidade de duas pessoas que tanto se conhecem.
E como elas se conheciam...
- Ainda estou acordada. - avisou quando a loira aproveitou a brecha de Cecília para abraçá-la completamente, colocando a cabeça sob o peito de Larissa
- Uhum... Tá bom. - fez pouco caso
Entraram num acordo silencioso e assim permaneceram por muito tempo. Ninguém queria ser responsável por quebrar o gelo.
A cantora ficou rígida por um tempo buscando não dar muita importância para a presença de Ohana ali, mas não durou muito. Pouco tempo depois já estava fazendo cafuné na loira. Buscou não olhar muito para que não acendesse nenhum sentimento que estava escondido. Estava no peito dela, mas escondido. E deveria permanecer assim.
- Você não está dormindo.
- Você também não. - a loira devolveu
- Como estaria dormindo se estou literalmente te fazendo um cafuné? - deu um tapinha na testa dela
- Você até hoje não acredita quando eu falo que quando você dorme você continua fazendo cafuné. - Larissa riu alto e logo se policiou para não acordar os filhos
- Óbvio que não acredito. Isso é impossível.
- Ia falar uma coisa mas deixa quieto, não precisa que ninguém prove o meu ponto, pode continuar duvidando.
- Tá bom. - Larissa parou de vez o carinho e ficou com a palma da mão aberta no rosto dela - Seu nariz é tão bonitinho. - deu risada apertando
- Meu piercing, filha da puta! - bateu nela e levantou - Sala, precisamos conversar.
- Minha avó costumava dizer que faz mal atravessar os outros.
- Anda, Larissa.
A morena não pensou duas vezes e a seguiu
- Pois não? - perguntou sentando no sofá amarrando o cabelo
- O que foi aquilo?
- Aquilo o quê?
- Que aconteceu ontem à noite. Em primeiro lugar, não gostei do jeito que falou comigo. Espero que não se repita.