17.

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Suportar o tempo longe não foi e nunca seria uma tarefa fácil, mas é como se a beleza do agora, do estar, fizesse tudo isso ser um passado tão, mas tão... Distante. Essa é a palavra. Apesar dos dias juntas serem poucos e tão insuficientes para saciar todo o tempo separadas, tudo parecia bem mais azul agora.

Larissa via uma beleza maior em acordar, porque estava acordando na casa dela. O café da manhã tinha um gosto diferente porque havia sido preparado por ela. A cadeira na mesa era mais confortável, porque tinha ela e os filhos a acompanhando.

A vida é mais vida agora.

Acordar e dar de cara com o amor da sua vida te admirando é a melhor coisa que pode acontecer a alguém. Larissa já estava novamente acostumada a acordar sozinha e bebada, mas nada poderia se comparar a essa realidade.

Ela teve certeza disso quando Ohana fez um carinho em seu rosto.

- Bom dia, meu amor. - cumprimentou - Dormiu bem?

- Ao lado da mulher da minha vida todas as noites são bem dormidas. - Larissa se declarou, fazendo a loira sorrir boba

- Você fala isso porque nunca engravidou. - se aconchegou mais nela, dando um beijo em sua clavícula - Falando nisso, dá pra você voltar a usar seu perfume normal?

- Tu fica implicando com meus perfumes toda hora, cara. - resmungou

- Eu gosto daquele que você usava. - justificou - Toda vez que você chegava para deixar ou buscar os meninos, eu tinha vontade de te dar um abraço apertado só para matar a saudade e conseguir sentir um pouco do seu cheiro.

- Agora estou aqui, toda pra você. - abraçou ela

- Só falta agora voltar a usar o perfume... - Larissa revirou os olhos e fez cafuné, fazendo ela voltar a dormir

Ohana ainda estava meio atordoada com o mal estar que Larissa sentiu então dormia a cada brecha que tinha, porque a noite seguia monitorando o sono da mesma

Arrumaram os meninos para a escola e Ohana se comprometeu em levá-los pois iria para o instituto depois. Era impagável a cara de julgamento das pessoas para ela

- Bom dia! - falou sorrindo

- Você está muito diferente. - a secretária comentou

- Eu? Claro que não! O que estaria diferente?

- Está feliz de uma forma que não costumamos ver com tanta frequência.

- Estou normal, nem tenho motivos para ficar feliz. Expuseram minha vida ao ridículo. - tentou se sair daquela conversa

- Ai patroa, se me permite dizer, você tem motivos para ficar feliz sim. Eu não vejo motivo pra ficar triste tendo uma mulher daquelas arrastando o mundo por você.

- Tu por acaso gosta de mulher, garota? - questionou com a sobrancelha arqueada

- Não sei se gosto de mulher, mas existe alguém que não gosta da Anitta? Ela é alguma espécie de cura hétero. - falou honesta e Ohana teve que se segurar muito para não dar uma má resposta

- Vai trabalhar. - foi só o que disse antes de ir em rumo a sua sala.

Passou um tempo considerável resolvendo burocracias que estavam negligenciadas desde o acontecido com Ivana e chorou algumas vezes ao lembrar disso.

O luto conseguia ser sorrateiro de uma forma surreal, ela já havia dito isso? Com certeza sim, mas valia a pena recordar.

Não tinha parado para pensar no quão difícil seria dar um seguimento a aquele instituto. Tudo sobre ballet lhe remetia à sua falecida mãe. Seria uma tarefa muito difícil.

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