Proposta Indecente

Pakkun

Há dois dias conheci Kakashi Hatake, mas não o vi depois disso. Não posso chegar nele do nada, porque ele não é um rapaz sociável. Tenho apenas trabalhado e visto filmes em casa ou na dos Yamanakas.

Hoje é domingo e estou de folga. Na noite anterior, Sai brincou comigo porque não saí e fiquei com algum dos meus contatinhos. Na verdade, possuo algum receio de que Sakumo ache que peguei o seu dinheiro e estou apenas me divertindo. Como ele mesmo assegurou, todo o pagamento já está na minha conta bancária e até a gerente me ligou confirmando. Tudo foi pago legalmente, dentro dos conformes como prestação de serviço. Como é muito dinheiro, informei a Kurenai, a minha gerente, que esse valor deverá ser debitado mensalmente para a quitação da minha hipoteca. Já que não terei nenhum abatimento se pagar antecipado, então pagarei religiosamente na data de vencimento.

Eu não presto atenção no filme que está passando agora, pois estou vendo as atualizações do Instagram e uma delas é da minha sogra, Mikoto, que desde o dia da morte de Sasuke não fala comigo. Na verdade, nenhum Uchiha. Eles me culpam que Sasuke não recebeu o melhor tratamento, mesmo que tudo tenha sido feito em São Francisco, com todas as melhores tecnologias. Como nunca tivemos um filho, afinal éramos muito novos e o nosso casamento nunca foi realmente aceito por eles, apenas me ignoram, mas recuso isso continuando a carregar o sobrenome do meu marido.

"Ele teria vergonha de você hoje em dia."

Encaro o nosso porta retrato e as lágrimas surgem.

"Você me deixou sozinha e eu continuo perdida."

O latido de um cão na TV atrai a minha atenção e vejo o animal correr para o dono e uma ideia brota na minha cabeça.

— É isso, Kakashi faz serviço voluntário em um canil.

Levanto-me, nem um pouco empolgada e vou tomar um banho e me trocar. Escolho uma roupa antiga de quando ainda era casada; um vestido florido de pétalas de cerejeira, com alça larga e um decote reto.

Suspiro um tanto melancólica olhando-o, mas preciso deixar esse sentimento escanteado, tenho um contrato a cumprir.

Calço meu All Star Converse branco — ele está novo ainda —, pego uma bolsa rosa clara pequena, as chaves do carro e coloco o endereço indicado no Waze.

Tem uma grande chance dele não estar lá, mas é fim da manhã e é o horário que ele trabalha. Porém, por ser domingo, talvez dê viagem perdida, mas vou me arriscar.

— Break a leg, Sakura! — digo a mim mesma.

O canil fica bem no centro e é arrumado, tem até estacionamento. Entro no local e a recepção é bem bonitinha.

É uma ONG de rico.

Na verdade, não sei dizer, nunca entrei em uma antes, mas é bem diferente das que vejo na televisão.

— Bom dia, senhorita...

Uma moça me cumprimenta e ela é até bonitinha: cabelos castanhos e lisos, rabo de cavalo e possui olhos escuros. Familiar.

— Olá! — respondo, porém já estou arrependida. Acredito que o menino não está aqui e só perdi o meu tempo.

— No que posso aj...

— Hana, poderia me ajudar com... — A frase morre quando Kakashi entra vestindo uma bata azul e luvas fedidas, mas pelo menos não está com máscara. Ele olha-me da cabeça aos pés totalmente confuso. — Sakura?

— Nossa, é você, Kakashi? — pergunto, fingindo uma surpresa que não existe, porém, feliz por não ter dado viagem perdida. Porém, logo torço o nariz devido ao fedor nas suas luvas e ele parece perceber, pois seu rosto fica rubro.