Proposta Indecente

Cap 15: Honestidade

Atraso-me um pouco para ficar pronta, porque dei uma geral na arrumação da casa, visto que estava um pouco caótica. Como não tive tempo, já que o encontro foi bem de última hora, fiz isso assim que cheguei. Joguei toda a bagunça no quartinho da limpeza, ele nunca vai saber.

Já que realmente vamos ficar em casa, opto por algo leve. Não sei exatamente o que esperar desta noite, pois algo sempre nos atrapalha, mas também não quero forçar nada. É estranho trazer um homem aqui, isto é, ao meu ambiente particular: o local que foi desenhado, projetado e sonhado por Sasuke e eu. Então, receber Kakashi me parece um pouco errado, no entanto, eu preciso.

"Preciso mesmo?"

Sim!

Tenho a necessidade de construir um relacionamento com o Hatake, que é desconfiado por natureza. Mesmo que seja algo falso, o que já faz com que eu me sinta suficientemente culpada por isso, não quero que tudo seja uma mentira. Enquanto estiver "neste contrato", Kakashi precisa ter o melhor de mim. No entanto, como parecer apaixonada sem de fato estar? Eu nem sei se lembro mais o que é essa sensação.

"Não é verdade, nunca esqueci o que sentia quando estava com Sasuke."

Se for assim, tudo será fingimento, porque não imagino sentir por qualquer pessoa o que sentia por Sasuke. E ainda assim, por alguma razão que não consigo entender, Kakashi faz com que eu me sinta... diferente.

Admiro a minha preparação simples no espelho e ajeito uma mecha de cabelo. Respiro fundo, afastando as minhas próprias contradições. Eu sabia que estar com ele traria complicações emocionais, mas nunca imaginei que me sentiria assim: dividida entre a memória de Sasuke e a surpresa do que o Hatake está sendo.

Eu só não queria ter qualquer sentimento pelo rapaz para não ter a minha consciência pesada quando tudo finalizar, mas já admiti para mim mesma que tenho. Nenhum outro homem me fez ter a consideração que possuo por ele, e isso já é o bastante.

"Ok, sem pensar demais, Sakura. Kakashi já está esperando há bastante tempo."

Saio do quarto e escuto um choro canino, o que só pode ser Pakkun. O cãozinho está deitado em frente à porta, arranhando a patinha na madeira.

— Ué, o que deu nesse rapazinho, Kakashi? — pergunto sorrindo, esperando uma resposta do meu convidado, o que não recebo e estranho de imediato. — Por que está chorando, Pakkun? — Procuro pelo Hatake com os olhos e não o encontro. Também não há resposta quando chamo pelo seu nome novamente.

"Será que ele precisou ir ao carro?"

Abro a porta da residência e há apenas a chuva e o meu carro; o dele sumiu. Fecho a casa e torno a procurar pela sala algo que o fizesse ir embora. A pizza e o refrigerante estão no mesmo local, e não há qualquer bilhete. Coloco Pakkun no chão e volto ao quarto, pego o meu celular e percebo que não há mensagens. Então, ligo para o seu número, que apenas chama. Insisto novamente e cai direto na caixa de mensagem.

— Ora, porra, qual o problema desse garoto?

Não entendo o que pode ter acontecido de errado. Merda, que caralhos aconteceu?

Volto a procurar pistas, mas não há nada. Caminho até a ante sala e, frustrada, passo os olhos por todo o ambiente. Minha atenção cai em um porta-retratos virado para baixo e o meu coração gela, pois eu o reconheço de imediato. Aproximo-me, ajusto o objeto e encaro os nossos sorrisos e a felicidade de outrora. Uma lágrima furtiva cai.

— Esqueci de tirar você daqui... — é apenas um sussurro, seguido de outra lágrima e uma carícia no rosto masculino através do vidro. — Ele te viu, e agora vai saber o que a cabeça dele criou sobre você, Sasuke-kun.