Cap 20: Os momentos pelos quais vivemos

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Acordo lentamente, ainda meio desorientado. Os primeiros feixes de luz atravessam as cortinas, e sinto um calor diferente ao meu lado. Levo alguns segundos para me lembrar onde estou. Ou, melhor, com quem estou. Viro a cabeça devagar e vejo Sakura ao meu lado, deitada de costas, os cabelos rosados espalhados sobre o travesseiro. E, pela primeira vez na vida, entendo as batidas que o coração faz e a frase "Você é a última coisa que quero ver ao dormir e a primeira ao acordar".

Nunca havia entendido, pois nunca havia vivido. Nunca pensei que uma manhã assim fosse possível para mim. Fico observando-a por alguns minutos e tento absorver o máximo desse momento que, até ontem, parecia improvável. Minha vontade é congelar essa visão para sempre.

— Você está me encarando. — A voz dela é suave, arrastada pelo sono, mas ainda assim, desperta o sorriso que eu tentava conter.

— Não sabia que você era tão perceptiva. — Tento disfarçar o constrangimento e a surpresa.

Ela se vira, minimamente e me encara, um pequeno sorriso brincando nos lábios e mais uma vez o meu coração galopa quase desgovernado. Se for um sonho, desejo continuar nele.

— Você é todo silêncio, mas aqui — Ela levanta a mão e toca de leve meu peito. — Você fala muito."

Toco os dedos dela, segurando a mão delicadamente, após tudo o que conversamos na noite anterior, sinto-me muito mais leve. Eu nem sabia que precisava tanto colocar a dor para fora e nem imaginei que alguém poderia continuar me olhando, não com pena, mas com compaixão e ainda continuado ao meu lado, transmitindo força e coragem.

— Eu só... ainda estou tentando acreditar que você está aqui.

Sakura gira o corpo, completamente e fica de frente para mim, o meu peito colado ao seu corpo. Os seus olhos verdes ainda estão enevoados de sono, mas há um brilho sincero, o mesmo que vi na noite anterior.

— Eu estou aqui. — Sinto o hálito matinal e até isso me deixa feliz, pois é algo que li apenas nos livros. — E estou porque quero estar.

Eu desvio o olhar por um instante, ainda tentando processar tudo e pensando se o meu hálito é tão agradável como o dela. O medo de que esse momento desapareça é real. Mas então, os dedos de Sakura tocam meu rosto, virando meu olhar de volta para ela.

— Kakashi, você não precisa ficar tão... tenso. — De repente, ela morde os lábios e coloca a mão na boca.

— Eu tô com mal hálito? Você nem está respirando!

Faz menção de afastar-se de mim e a seguro firme, no lugar. Impossível não sorrir.

— Não, eu quero muito te beijar, mas sou eu que estou inseguro com o meu — confesso, com a voz mais rouca do que pretendia. — E... não estou acostumado a ter algo... tão bom assim.

— Você sempre pensa demais. — Ela solta uma risadinha graciosa, e o som me acalma.

Sakura se aproxima um pouco mais, nossas testas quase se tocam e seus dedos sobem até a minha nuca, fazendo um carinho gostoso.

— Obrigada por ontem — diz e me dá um selinho, sem fechar os olhos, encarando os meus. — Por ter me transmitido segurança, por não me julgar, não me pressionar. — Morde levemente os meus lábios e passa, suavemente, a ponta da língua neles e que Kami-sama me perdoe, mas estou ficando excitado. — E sobretudo, por ter confiado em mim.

— Eu quem devo agradecer por você me permitir estar ao seu lado. — Começo a responder o seu estímulo, saboreando a maciez dos seus lábios. — Por escolher estar comigo e me enxergar, ainda assim, como um homem.

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