Respiro fundo enquanto visto minhas roupas de fininho para não acordar o homem na cama. Kiba é um cara legal, mas percebi essa noite que ele deseja algo que não estou disposta a dar; um relacionamento. O que há com esses homens atualmente? Não conseguem curtir apenas o momento? Fico realmente chateada porque ele tem uma boa foda e agora não vou poder mais usufruir disso. Isso me cansa.
Nem coloco os meus saltos e vou andando de leve. Agradeço que sua casa seja toda acarpetada, o que facilita o meu silêncio, porém travo ao ver o seu cão fiel. Se Akamaru latir, é o meu fim de sair sem ser notada e terei que gastar toda a minha pouca disposição para inventar desculpas e sair daqui. Para a minha sorte, o bendito animal está dormindo e quando levanta as orelhas, parece não se importar se virando para o outro lado, continuando a sua soneca.
— Bom menino.
Acelero ainda mais os passos e bem levemente abro a porta e saio sentindo o cheiro da brisa da manhã. Como saí com o carro de Kiba, tenho que pedir um uber e em poucos minutos estou em casa.
Ao chegar na minha residência, pego a correspondência que deixei largada na noite anterior, sei exatamente o que tem escrito e isso tem tirado minhas noites de sono há alguns anos. Mais uma prestação do débito que ainda pago ou eu perco a minha casa que está hipotecada.
— Bem, isso é um problema para a Sakura do futuro, agora, eu quero dormir.
Ainda tenho duas horas de sono antes de precisar me arrumar para o trabalho e pensar que ainda não possuo o dinheiro completo para o mês, então deito na cama e não demora muito para sentir a sonolência chegar.
(...)
— Meus pés estão me matando.
Ino repete pela centésima vez essa mesma frase em um único dia e o meu humor não está dos melhores.
— Você falou isso o dia inteiro, pelo menos teve um excelente dia de vendas. Já os meus clientes, hoje não levaram muita coisa.
Reclamo, expondo o óbvio, porém sei que estou sendo injusta e faço a minha melhor amiga sentar-se na cadeira e me ajoelho massageando os seus pés. Não deve ser fácil para ela trabalhar tanto em sua condição de gravidez e tenho noção o quanto necessita de cada valor recebido.
Quando eu estive na pior, foi Ino quem conseguiu esse emprego para mim e eu sou bastante grata a isso. É o que permite pagar as minhas dívidas mês a mês e manter a minha residência, que não é um casarão, mas é grande e confortável.
— A temporada turística começará em breve, Sakura, e as coisas irão melhorar. Os ricaços vão vir para suas casas de praia, vai ter muitas festas e vamos vender bastante, você verá. Ah, isso tá ótimo — me diz, jogando a cabeça para trás e emitindo sons, como se estivesse aprovando a massagem. Eu sou boa nisso, já fiz curso enquanto estudava.
— Eu não tenho esse tempo todo, Ino. Tenho apenas cinco dias para pagar o meu débito ou vão tomar a minha casa.
— Eu te empresto.
— Não posso aceitar, você precisa aproveitar aquela promoção que me disse para comprar o berço.
Ino me encara com os seus olhos gentis. Ela sabe que precisa aproveitar a oportunidade e tenho certeza que deixaria para comprar depois apenas para me ajudar, mas não posso fazer isso com a loira. Depois que Inojin nascer, a Yamanaka precisará tirar licença e ficará apenas nas costas de Sai, a sustentação da família.
— Se você não conseguir em cinco dias essa grana, verei com Sai como poderemos te ajudar.
Claro que eu não vou deixar ela tirar das suas economias, nem que para isso eu tenha que pedir a Naruto um empréstimo.
Mentira! Para aquele traidor eu não peço nada.
— Eu te amo, sabia? — Abraço Ino, segurando minhas lágrimas.
— Eu sei. Eu também te amo.
(...)
Chego em casa durante a noite completamente exausta e com pouca grana. Pego uma taça de vinho, derramo um pouco do líquido escuro e vou até à mesa, ligando o meu notebook para fazer as contas do mês, mesmo que não respeite muito o meu orçamento. Uma pasta na área de trabalho denominada "S&S" me chama a atenção. Eu sei exatamente do que se trata, mas há muito tempo não tenho coragem para abrir. As fotos do nosso casamento e lua de mel se desdobram na minha frente.
É completamente angustiante me ver tão feliz nas imagens. A dor de não conseguir mais sorrir dessa forma ainda me atormenta. Sasuke e eu éramos o típico casal que todos julgavam perfeito. Tínhamos toda a vida e sonhos pela frente e agora me vejo nadando em um lago escuro que me sufoca sem conseguir achar o caminho para a superfície.
Tudo o que nós possuíamos se foi, restando apenas essa casa, que me recuso a sair por ser o único bem que sobrou do nosso matrimônio e dos nossos sonhos dourados.
Sasuke Uchiha se foi, deixando-me sozinha para viver essa vida sem ele ao meu lado, com uma dívida que luto dia a dia para pagar, recusando-me a me envolver romanticamente com qualquer outra pessoa porque não quero sentir nunca mais a vulnerabilidade de perder alguém novamente. Minha infelicidade e miséria diária se alastra como o câncer que cresceu e levou o meu marido para um lugar do qual eu não posso seguir.
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Proposta Indecente
FanfictionSakura é uma jovem mulher de 29 anos, viúva de Sasuke Uchiha, que mora numa casa bastante confortável. Desde a morte do seu marido, a Uchiha não conseguiu se reencontrar novamente, levando uma vida desorganizada: desde os seus relacionamentos casuai...