Cap 10: Mercúrio retrógrado

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Até que cuidar de Pakkun está sendo menos trabalhoso do que imaginei. O cãozinho é tranquilo para aplicar o medicamento, e quando amanheceu, a sua respiração ficou menos ruidosa do que estava na noite passada. Como só pegarei o turno no final da manhã, aproveito para ficar com ele e dormir um pouco mais.

Foi verdadeiramente assustador ontem, o medo de perdê-lo me deixou sensível e velhas dores ganharam espaço com essa fraqueza, no entanto, não posso me permitir sentir isso.

Somente ao estar pronta para ir trabalhar e pegar a chave do carro, lembro de que não estou com ele, pois foi rebocado.

"Puta merda de inferno astral. Mercúrio retrógrado."

Olho na caixa de e-mail para ver se já chegou a notificação e nada. Ainda tenho que esperar por isso.

— E se eu falar com Shino?

A ideia é descartada no mesmo momento. As últimas palavras ditas por ele ainda me corrói. Fui uma escrota.

— Pelo visto vou ter que aguardar. — O corpinho de Pakkun se esfrega um pouco no meu, como um gato faz e ele repousa em cima dos meus saltos. — Nada disso, mocinho, tem que deitar na caminha, que está em um lugar mais arejado. Mais tarde quero te encontrar melhor.

Mesmo que tenha convidado Kakashi para sair, não pretendo que seja demorado, mas quero que ele comece a se sentir à vontade comigo, pois é necessário.

Chamo um Uber para me levar à loja.

(...)

— A comida hoje tá uma delícia, Porca. — Os dias que Ino erra a mão e faz mais comida, traz para mim também. Gosto bastante da sua culinária.

— Foi Sai quem fez, não tenho mais tanta disposição.

Em poucos meses Inojin nascerá e não a terei no trabalho por um bom tempo. Quero herdar os seus melhores clientes, com certeza Sakumo vem pra mim, apesar de que será estranho se isso ocorrer.

— Não sabia que aquela lesma cozinhava tão bem.

— Testa, ele quis fazer mais para você comer também, não seja tão má com o meu marido.

Não é uma reprimenda severa, porque minha amiga faz um bico magoado. Tenho essas brincadeiras com Sai desde que somos crianças.

— Você sabe que eu o amo, Ino. É só que a gente brinca tanto um com o outro, que é natural.

Ela tem noção disso e eu sei que são os hormônios da gravidez que a deixa mais dramática e sentimental, entretanto, mulher grávida é uma bomba relógio.

— Agora me fale o que aconteceu ontem.

É difícil se esquivar da loira, ela me viu chegar de uber, presenciou o meu piti na praia ontem e não atendi as suas ligações por estar transando com Shikamaru.

— O nosso almoço não será suficiente para tudo. — Tento adiar o inevitável enquanto ganho tempo para pensar melhor o que quero dizer.

Meu dia foi caótico e longo demais, ainda estou cansada.

— Então vamos por partes. O que aconteceu ontem na praia? Quem eram aqueles garotos? — bufo com a pergunta. Ela tinha que começar logo com essa? Eu ia comentar primeiro sobre Shikamaru. — Vai me dizer que é o novinho que você está interessada? — questiona baixinho, me surpreendendo e sua boca abre quando eu não nego. A Yamanaka tem faro para isso. — Qual dos dois? Me fale que é o moreno bonitinho.

— Não... o outro de boné. — Ufa, ela não reconheceu Kakashi. Tudo bem, ele estava de boné e óculos escuro.

— Aff, Sakura. O outro sem camisa era bem gostosinho. Nem reparei no de boné.

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