Suguru

382 43 20
                                    

SUGURU 

 🏒🏑

Os garotos não estavam com a ressaca que achei que estariam. 

Tinha me esquecido de como os adolescentes se recuperavam rápido de qualquer coisa.

A parte técnica do treino havia acabado, e eles nem estavam verdes. 

Agora jogavam, e Noritoshi estava detonando. 

Toda vez que fazia uma defesa, eu sentia que tinha feito a diferença. Aquele garoto seria muito bom um dia. Ganharia uma bolsa para a faculdade, e eu esperava que o pai de quem ele tanto reclamava soubesse valorizar isso.

Os jovens atacantes que Satoru treinava finalmente estavam melhorando. 

Já tinham dado alguns tiros para o gol, e ele também estava se saindo melhor. Até os círculos preguiçosos que formava enquanto patinava de costas pareciam mais fluidos e poderosos. 

Havia tantos talentos ali que mal podia acreditar. 

Era por isso que eu fazia aquela longa viagem todos os anos. 

Para isso.

Outro tiro para o gol. 

Todo passou para Muta, que não hesitou. 

Ele acertou a rede antes que Noritoshi pudesse impedir. 

O time dele comemorou.

— Toma essa, Noritoshi! — Muta gritou — Mão furada!

Ah, merda. Lá vamos nós de novo. 

Vi Noritoshi levantar a máscara, então ele pegou a garrafa de água e tomou um gole. 

Eu meio que esperava que ele fosse cuspir na cara de Muta, porque estava com o rosto vermelho. 

Já comecei a me preparar para o desastre. 

Ele jogou a garrafa de volta. 

Então olhou para mim. 

Por favor, não comece uma guerra, implorei sem palavras. 

O goleiro me deu um sorrisinho antes de falar.

— É, Muta, você acabou comigo. Só precisou de vinte tentativas. Estou morrendo de medo agora.

Ele colocou a máscara de volta e pegou o taco. 

Satoru sorria enquanto patinava para recuperar o disco.

— Essa é a atitude certa, garoto — ele disse a Noritoshi.

O goleiro parecia um pouco convencido quando colocou o disco na mão de Satoru. 

Eu estava tão envolvido no drama que nem percebi as cabeças virando para olhar a pessoa que tinha acabado de aparecer no banco.

— Suguru! Aqui!

Virei e encontrei Manami sacudindo os braços.

— Manami — constatei, como um idiota — O que está fazendo aqui?

Ela virou os olhos, com as mãos na cintura do short jeans.

— Que jeito de dar oi, Geto. Acho que você pode fazer um pouco melhor.

— Cacete — Todo soltou — A namorada do treinador tem uns peitões…

— Quieto — murmurei, olhando para ele. 

Mais de uma dúzia de adolescentes secavam Manami, que usava um shortinho e um top. 

Senti meu pescoço queimar. 

ELEOnde histórias criam vida. Descubra agora