Parte 2 - Nós - Capítulo 45

337 29 51
                                    

Oi, pessoal. Vocês estão bem?
Fiquem com mais um capítulo e não surtem no final, ok? 😅❤️

____________________________________

Suguru 

🏑🏒

Quando a sexta chegou, Satoru viajou para um jogo em Nova York. Sinceramente, fiquei aliviado de novo. Me odiei por me sentir desse jeito, mas foi bem difícil tentar parecer feliz naquela semana. Não consegui nem mesmo naquele dia, porque minha equipe estava um desastre total. Enquanto o time de Satoru havia ganhado seus dois jogos na semana, o meu havia perdido quatro seguidos desde o torneio em Montreal. O moral estava mesmo baixo. Os garotos estavam frustrados e irritados, o que refletia no jogo.

Apitei pela terceira vez em dez minutos, então patinei na direção dos dois adolescentes de rosto vermelho que estavam trocando palavras nada educadas antes de recomeçar a partida.

— Parem com isso — ordenei, quando um deles soltou um insulto particularmente pesado envolvendo a mãe do outro.

Barrie não parecia arrependido.

— Foi ele quem começou.

Taylor protestou:

— Que mentira!

Eles deram início a uma segunda rodada de uma briga acalorada, e precisei de alguns segundos para entender do que se tratava. Aparentemente, Barrie havia acusado Taylor de ser o motivo pelo qual perdemos o último jogo, por ter feito um pênalti completamente desnecessário que levou a um gol no tudo ou nada. Taylor se recusou a aceitar a culpa — e por que faria isso? Perder um jogo envolve muito mais do que um erro isolado de um jogador — e retrucou falando que a mãe de Barrie, que era solteira, curtia uns novinhos. Era óbvio que meus jogadores não estavam lidando muito bem com as derrotas recentes.

— Chega! — cortei o ar com a mão, silenciando os dois. Olhei para Barrie. — Culpar os outros não vai ajudar com os jogos perdidos. — Olhei para Taylor. — E falar da mãe dos outros não vai te ajudar a fazer amigos.

Os dois ficaram carrancudos de imediato. Apitei de novo, fazendo-os pular.

— Um minuto fora por conduta antiesportiva. Pro banco. Os dois.

Enquanto patinavam para fora do gelo, notei a expressão infeliz no rosto de seus colegas. E eu entendia. Também odiava perder. Mas eu tinha vinte e três anos, era um ex-jogador da liga universitária com uma série de derrotas no currículo e a casca grossa que isso causava. Eles não passavam de garotos de dezesseis anos que sempre foram excelentes no hóquei, os melhores dos times de ensino fundamental de que haviam sido recrutados. Agora estavam nos juniores, competindo com outros garotos que eram tão bons quanto eles ou até melhores — coisa com que não estavam acostumados.

— Pelo amor de Deus — Danton murmurou pra mim uma hora depois, quando entramos no vestiário dos técnicos. — São todos umas bichinhas...

— Não fala assim — cortei.

Mas era como gritar ao vento. Ele nem interrompeu sua linha de pensamento.

— ...mimadas, é por isso que só perdem — Danton continuou — Não têm disciplina ou ética de trabalho. Acham que as vitórias vão ser entregues em bandejas de prata.

Fiz uma careta e sentei no banco para desamarrar os patins.

— Não é verdade. Eles trabalharam duro por anos pra chegar até aqui. A maior parte desses garotos aprendeu a patinar antes mesmo de andar.

Ele soltou um ruído irônico.

— Exato. Foram meninos prodígios do hóquei, que recebiam enxurradas de elogios dos pais, professores e técnicos. Acham que são os melhores porque todo mundo sempre disse que eram.

ELEOnde histórias criam vida. Descubra agora