Satoru

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SATORU 

🏒🏑

Dirigi por mais um quilômetro e meio até o parque onde seria o show. Nenhum de nós conhecia o lugar, mas era legal. 

O gramado se estendia até a água e uma concha acústica tinha sido montada, e pessoas de todas as idades se espalhavam pelo chão. 

Foi fácil encontrar um lugar para ficar. 

Sentei, mas Suguru continuou de pé.

— Porra, não pensei nisso — ele falou, olhando para a bermuda limpa.

Me virei para ele.

— E eu pensando que era o gay aqui.

Ele deu um tapinha no alto da minha cabeça.

— É o fim de semana dos pais. Tenho que estar apresentável.

— Entendi — Levantei — Espera um segundo.

Corri até o carro e peguei um cobertor velho no porta-malas. 

Quando me juntei a Geto, abri um sorriso presunçoso.

— Viu? Meu carro bagunçado pode ser útil às vezes.

Estiquei o cobertor na grama e sentei em cima. 

Suguru ficou ao meu lado. 

Deitamos ao mesmo tempo, e minha mão esbarrou na sua. Mudei a minha alguns centímetros, para dar espaço para ele, mas Suguru pegou minha mão. 

Não queria que ele percebesse o quanto eu gostava daquilo, então não o encarei. 

Em vez disso, olhei para o céu escuro sobre o lago e imaginei como tinha chegado aos vinte e dois anos sem nunca ter tido um encontro.

Eu tirei sarro de Suguru, mas ali estávamos. Jantar e música. Sentados na porra de um cobertor no parque. 

Eu nunca tinha estado em um encontro antes e não devia ser muito bom nisso. 

Depois de um tempo, a banda começou. Eram quatro caras — um vocalista, um guitarrista, um baixista e um baterista. A primeira música foi um cover fraco do Dave Matthews.

— Hum — Suguru disse.

— Quê?

— Tô preocupado.

— Com a música? — Eu estava de bom humor — Acho que estão só aquecendo. Toda banda faz cover do Dave Matthews. Deve ser obrigatório.

Infelizmente, as coisas não melhoraram.

— É uma música do Billy Joel? — Suguru perguntou.

Prestei atenção por um segundo.

— Ai, meu Deus, pode ser. Acho que eles estão tentando tocar 'New York State of Mind'.

— Não sei se estão conseguindo.

Virei a mão e apertei seus dedos enquanto o céu escurecia. A terceira música foi tão ruim que achamos graça. O cantor olhou para o público e anunciou:

— Vamos tocar uma música original do meu amigo Buster.

Suguru e eu aplaudimos, como se conhecêssemos o cara.

Isso aí, Buster!

— Chama-se ‘Chuva cativa’, e este é o lançamento mundial.

O baterista fez a contagem, e os primeiros quatro acordes não foram tão ruins. Mas a letra… era péssima. Não tinha ideia do que o cara estava falando.

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