Londres, 1813
Victoria Montgomery
— Eu não pensaria em algo melhor, Vossa Graça. — respondeu Victoria, suas bochechas doíam de tanto fingir sorrir, ou rir, ou gargalhar falsamente.E sim, apenas para a satisfação de seu ego, ela pensou sim em algo melhor para fazer do que estar sentada na sala creme da Mansão Montgomery, rodeada por dois homens que ela passou a odiar nesse momento.
O Duque de Norwich, um homem rechonchudo com uma careca lustrosa e um sorriso insincero, sentava-se à sua direita. O Barão de Wycliffe, mais magro, mas igualmente idoso e desagradável, ocupava a poltrona à sua esquerda. Ambos tinham passado a última meia hora enchendo-a de elogios vazios e insinuações irritantes sobre seu comportamento no baile da noite anterior.
— Senhorita Montgomery, você estava absolutamente deslumbrante ontem à noite. — disse o Duque de Norwich, pela décima vez naquela manhã, sua voz grave e afetada, claramente mentindo.
Não que Victoria tenha se comportado como uma brutamontes no baile de primavera dos Fairfax, mas dançar apenas uma vez — e essa dança ter sido com seu irmão mais novo — certamente não significa que ela teve uma noite gloriosa.
— Não pude deixar de notar como todos os olhos estavam voltados para você. — continua o Duque.
— Sim, claro. — Victoria respondeu, com um sorriso forçado. — Tanta atenção pode ser... sufocante, às vezes.
Ela lançou um olhar rápido ao redor da sala, repleta de buquês de flores enviados pelos dois senhores à sua frente como presentes após o baile. Ela odiava flores. O perfume doce e enjoativo já começava a lhe causar dor de cabeça.
— As flores são adoráveis, não são? — comentou o Barão de Wycliffe, após Victoria passar mais de dez segundos encarando os terríveis vasos, pensando em como se livraria deles assim que os senhores saíssem. Ele acenou para um arranjo particularmente grande de rosas vermelhas. — Nada menos do que o melhor para uma dama tão encantadora.
— Ah, sim, absolutamente encantadoras. — Victoria respondeu, seu tom carregado de ironia disfarçada. — Especialmente quando parecem determinadas a dominar cada centímetro de espaço disponível.
— Espero que tenha apreciado meu humilde presente. — disse o Duque de Norwich, referindo-se ao buquê de não-me-esqueças azuis que adornava uma mesa próxima. — Uma flor mais do que adequada para homenagear uma Montgomery.
— Com toda certeza, Vossa Graça — respondeu Victoria, com um sorriso que não chegava aos olhos. — Sendo uma Montgomery, naturalmente adoro azul, não vivo sem azul. — disse, enquanto seus dedos acariciavam levemente as saias laranjas de seu vestido.
Os dois homens riram, claramente não percebendo a verdadeira intenção por trás de suas palavras. Victoria suspirou internamente, desejando que a visita terminasse logo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Duque Em Minha Vida - OS MONTGOMERY
RomanceLIVRO 1 DA DUOLOGIA "OS MONTGOMERY" 🎩🔥 Aos 28 anos, Victoria Montgomery é vista como uma solteirona pela sociedade, um rótulo que sua família faz questão de reforçar, culpando-a por ter recusado três propostas de casamento. Mas Victoria não se...