LIVRO 1 DA DUOLOGIA "OS MONTGOMERY" 🎩🔥
Aos 28 anos, Victoria Montgomery é vista como uma solteirona pela sociedade, um rótulo que sua família faz questão de reforçar, culpando-a por ter recusado três propostas de casamento. Mas Victoria não se...
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Edward Whitmore
Para Edward, sair da Mansão Montgomery nunca fora um grande desafio. Havia, claro, as ocasionais interrupções de Lady Montgomery, perguntando por seu bem-estar ou se ele já almoçara, mas ele sempre lidava com essas interações de forma rápida e educada. Hoje, porém, a situação era bem diferente. Ele estava preso em um corredor interminável de lordes e cavalheiros, todos carregando flores ou caixas decoradas, ansiosos para serem recebidos no salão de visitas. O motivo? A prestigiada Lady Victoria, que, de um dia para o outro, havia se tornado o foco de atenção de todos os solteiros de Londres.
Edward sabia que, em parte, era o responsável por esse tumulto matinal. Afinal, se não tivesse dançado repetidamente com Victoria no baile da noite anterior, nenhum desses homens sem originalidade estaria ali, esperando para bajulá-la. No entanto, ele não se arrependia de sua ação. Como poderia, depois de ouvir o próprio Duque de Norwich insinuar que pretendia comprometer Victoria apenas para acelerar o casamento? Sim, foram essas as exatas palavras que Edward captou – o duque parecia falar alto demais, permitindo que todos ao redor ouvissem. Como poderia permanecer inerte e deixar que um velho repulsivo continuasse a cortejá-la, sabendo que suas intenções estavam longe de serem nobres?
Agora, porém, Edward começava a lamentar ligeiramente sua interferência. Não tanto por ter afastado Victoria de um predador social – embora, se ele não tivesse agido, os outros que ouviram o insulto do Duque provavelmente também não teriam feito nada. Para muitos, aquilo seria visto como uma oportunidade para Victoria finalmente se casar, por mais desagradável que fosse a situação. Seu verdadeiro arrependimento, no entanto, vinha do fato de sua ação ter transformado o que prometia ser uma manhã tranquila em um caos de cumprimentos forçados, tropeços e atrasos.
Sua tarefa naquela manhã era simples: sair para o alfaiate que já devia estar esperando há um bom tempo, e encomendar novas peças de roupa para o tedioso evento da noite – um recital. Edward recebera o convite três noites antes, e sua mãe, claro, fizera questão de confirmar sua presença. Agora, sua obrigação era comparecer, mesmo que a enxurrada de lordes tentando cortejar Victoria o estivesse impedindo de sequer alcançar a porta.
Pelo menos dez cavalheiros, alguns conhecidos, outros totalmente estranhos, o haviam parado em seu caminho, obrigando-o a trocar cumprimentos e sorrisos forçados, enquanto por dentro ele lutava contra a irritação crescente por não conseguir, de fato, deixar a mansão.
Edward levou exatos doze minutos — sim, ele contou — para descer os degraus da entrada, e a confusão no exterior da mansão não era muito diferente. Pelo menos vinte carruagens bloqueavam o tráfego, tornando a saída quase impossível.
Seu suspiro irritado e talvez um ou outro xingamento tenha saído mais alto do que ele pretendia, pois logo uma voz abafada o chamou.
— Ah, Lorde Whitmore, o homem mais difícil de encontrar em qualquer salão! — disse Lorde Fenton, um homem de mais de oitenta anos, de bigode espesso e risada forçada, aproximando-se com a mão estendida. — Algo aflige o senhor? Notei que parece infeliz.
