A absorção

Capítulo 1

Termino de retirar as capas plásticas dos móveis já em seus devidos lugares, os encarregados da mudança se mandaram assim que colocaram o último em seu lugar.

Olho ao redor vendo a casa que comprei da amiga do meu chefe, ela estava se mudando e ele comentou comigo, não pensei dias vezes.

Jamais pensei que metade do meu salário mensal seria capaz de comprar uma casa tão completa e luxuosa, até eu me livrar das sanguessugas que eu chamava de família e amigos. Me dando conta finalmente da enorme quantia que me era sugada antes mesmo de eu sacar do banco.

Suspiro e me sento na ponta da mesa da escrivaninha que estava na sala, olhando pra janela na lateral acima.

Um trovão me surpreende e sobressalto levemente, assim que o pequeno susto se esvai, um sorriso melancólico suave se abre em meus lábios, quase maternal.

Aqui realmente era como li, encantador, mórbido, frio e libertador.

Quis chorar, parecia que finalmente eu estava respirando direito, o que soa engraçado pois, quem vive vinte e dois anos respirando errado? Ri mentalmente, sabendo que mesmo fora do sentido, tinha toda a sensatez que senti.

Haviam muitas coisas atribulando meus pensamentos.

A primeira delas era minha supostamente amada mãe, estar me entregando apenas cinco porcento do meu salário.

Não que eu seja tão idiota, mas fui. Eu estava com uma rotina estupidamente corrida quando assinei o contrato com meus amados e multimilionários empregadores. Não havia me tocado do preço que eu receberia pelo meu trabalho, realmente.

Eu tinha acabado de deixar meu emprego como professora de dança e não tinha tempo pra ficar escolhendo, o que viesse estava bom. E foi assim, que deixei minha família gestionar a área financeira da minha vida.

Acreditem, tínhamos um vínculo forte o suficiente pra eu acreditar que poderia confiar neles de olhos fechados.

Isso até eu noivar com um dos solteiros mais cobiçados da cidade e minha começar a tirar dinheiro do além pra apressar o casamento, a mulher não trabalhava de onde vinha o dinheiro?

A ideia me deixou alerta e comecei analisar, tive que ir na empresa e pedir a cópia do contrato, pois a outra estava com minha mãe e a mesma alegou ter perdido.

Descobri então que eu era rica e nem precisava estar me matando em empregos de meio período.

Claro que eu estranhei o fato da enorme empresa que me contratou lagar tão pouco, então, tudo fez sentido quando vi o contrato: ela estava ficando com todo meu dinheiro.

Mas sua mentira pra gastá-lo bem na minha cara, era que estava saindo com um velho homem rico. Eu obviamente não acreditei, minha mãe detestava homens velhos, mesmo que ela não fosse nada nova, apesar de sua aparência conservada.

Mas entendi rapidamente aonde e com quem ela se entretia e gastava meu dinheiro.

Meu amado ex-noivo estava pegando minha mãe, descobri isso quando cheia de ódio e me sentindo estupidamente traída, eu irrompi o quarto dela - que até um lustre tinha - assim que fui pra casa após ver o contrato e então os vi como dois coelhos, diga-se de passagem que foi muito nojento de ver.

Ela o agarrava sobre ela o prendendo totalmente enquanto ele socava e gemia feito uma gazela desgovernada.

Eu não sabia o quê fazer com as lágrimas, mas minha vontade mesmo era rir, aquilo era patético.

Agradeci aos deuses por ter enrolado o filho da puta dizendo que não queria perder minha virgindade antes do casamento, o que com toda certeza, era uma mentira.