A absorção

Capítulo 13

Enganados foram aqueles que acharam que com o fim dos zumbis teríamos paz, eu sou um dos enganados.

Esqueci que os humanos eram tão desprezíveis, se tornou uma guerra constante por suprimentos, lá fora.

Aqui dentro da minha mansão subterrânea estava tudo de boa.

As vezes eu saia pra correr, sim, treinar. Tinha uma academia dentro de casa, mas eu preferia a estrada no lugar da esteira.

Eu saia com dois coldres nas coxas, prendendo duas glocks, uma em cada.

O traje esportivo e por baixo da camisa um colete à prova de balas. Bermuda folgada e curta, pesos no suporte com lacre preso ao meu tornozelo e pulsos.

Se tornou uma rotina interessante, gostei de adicionar esse tipo de coisa na minha vida.

Se fosse antigamente, antes do apocalipse, eu estaria bebendo em algum canto enquanto uma garota sedenta por sexo se ajoelhava entre minhas pernas. Okay, talvez eu também estivesse feito um aspirador de pó fazendo a limpeza da mesa de algum otário que me chamava de amigo ou coisa assim.

Mas agora eu agordava de manhã, tomava chá à base de frutas e ervas, mel quase sempre. Treinava, tomava café, assistia mais aulas de diversos assuntos desde físico à técnicas de sobrevivência ou culinária e logo ia correr. Almoçava na hora do café da tarde e então relaxava na banheira fria pois este lugar estava um inferno de quente e eu não era fã de ar condicionado.

Eu estava agora no meio da corrida da tarde quando alguém que aparentemente também corria veio em minha direção, teríamos trombado se eu não tivesse desviado. A pequena criatura foi de encontro ao chão.

Apenas estarei enquanto ela levantava.

- "Estou bem, obrigada por se preocupar." - Encenou vendo que eu não tinha me preocupado nenhum pouco.

Uma baixinha morena, olhos verdes que causavam certo contraste com a pele bronzeada, curvilínea e rechonchuda, padrão porém exótica.

Ela me encarou de cima à baixo e prendeu a respiração.

- Tá sangrando aí. - Digo apontando pra minha própria sobrencelha e ela levou a mão à própria.

Me viro pra sair dali e sinto repulsa quando sua mão minúscula agarra meu pulso, arranco meu pulso de sua mão sem delicadeza e encaro a mesma que parecia assustada.

- Qual é a sua, cara? Está maluco? - É a estranha que eu não conheço quem pergunta, a mesma que me tocou e se achou certa mesmo sem que eu desse a mínima abertura pra contato físico.

Apenas a encaro com cinismo e preguiça e me viro saindo dali.

...

Depois daquele dia, virei objeto de obsessão.

A morena era maluca. Parei de sair pra correr, ela corria ao meu lado desde o ponto em que eu surgia até eu lhe dar um perdido pra voltar pra casa.

Me enoja a forma como ela acha que eu era algum tipo de cara predestinado a ela.

De acordo com ela eu nem sequer parecia humano, e isso teria feito um bem danado ao meu ego, se viesse de Dhell. Aquela garota estava obcecada pa minha aparência e eu estava angustiado.

...

.

Quatros meses, fazem três meses desde que comecei a dançar na boate, três meses desde que aprofundei minha amizade com duas pessoas, três meses desde que fiz mais modificações na minha casa. Faz um mês que os zumbis surgiram, quatros meses que eu não tenho nem um vislumbre de Kalland e um mês desde que não vejo Rull e Jaxy.