Capítulo 11

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Nós viramos a noite jogando, eu deixei pra estrear os jogos de realidade virtual com Kalland e, nossa! Valeu a pena...

Sei que não fomos dormir, dormimos aonde estávamos. Ou seja, chama-se: ir de americanas, jogamos até desmaiar, no sentido literal da coisa.

Sei disso pois acordei com o capacete e estava escorada sobre as costas do sofá, com metade do corpo sobre o mesmo, eu dormi em pé, tecnicamente falando. Tipo assim um cachorro que fica sobre duas patas pra ver quem está na cama ou coisa assim.

Com a vista nublada, olho ao redor, vejo Kalland dormindo de quatro. Franzi o cenho e prendi a risada, quem era eu pra rir?

Pobre... Dormiu se escondendo da tempestade de areia, no final, voltamos pro deserto.

Vejo a luz forasteira se espalhar por uma fração de segundo dentro do cômodo, um relâmpago.

Olho ao redor da sala que deixei vazia para jogos de realidade virtual.

Nele tinha uma televisão própria para jogos, ela ocupava uma parede inteira, literalmente era quase a própria parede. Haviam os jogos, utensílios para os mesmos, como armas com infravermelho, punhais das facas e espadas, capacetes e visores de realidade virtual de última geração quando os jogos não precisassem da tela(tv), um sofá e só.

Ando fraca até Kalland, minhas pernas estavam dormentes. Como eu consegui dormir daquele jeito? Me ajoelho ao lado dele e toco suas costas.

- Kalland? Acorda, bicho... Vamos deitar no quarto. - Chamo mais pra lá que pra cá.

- Uhum...- Murmura e nada faz.

Bufo e me apoio nos meus joelhos pra levantar.

- Levanta, cara. - Chamo impaciente, talvez pelo estado de ânimo da tempestade furiosa lá fora que parecia até discoteca.

-  Tá, tá. - Resmungou se colocando de pé feito um velho sem bengala, e eu achando que estava mal.

Ele jogou o braço sobre meu ombro pra buscar apoio e eu cai feito abacate maduro.

- Oh, porra! Você está bem? - Se abaixou surpreso e preocupado vindo me socorrer. Seus lábios se contraíram logo após a pergunta, contendo a risada.

- Como foi que você dormiu? - Questionou espertinho enquanto passava o braço por baixo do meu pra me dar suporte.

- Em pé. - Assumi entre dentes  contragosto.

Ele prendeu a risada, eu bufei e saímos da sala de jogos um escorado no outro.

Depois de passar pelo vasto corredor do segundo andar, encaramos as escadas.

Kalland abaixou a cabeça buscando os meus olhos.

- Eu sei, eu também não tenho a mínima condição de subir essa porra, mas se descemos, é pra ir rolando. - Sou sincera e acabo rindo, tão precário. Ele ri também e ligo suspira, estávamos quase dormindo na escada.

- Acho que tem elevador. - Pontuo recordando dos antigo proprietários comentando sobre ser quase camuflado e eles viverem esquecendo que tinha.

- Só se ele estiver na plataforma nove e três quartos, sabe? Vamos fazer feito Harry Potter, na dúvida estávamos enganados e dormimos na base da porrada. - Diz se referindo a passagem pro trem mágica de Harry Potter e tento mão focar no humor da coisa pra tentar acha o elevador.

Vejo-o então ao lado da escada, tão preto quanto as paredes de mármore preto da casa, idêntico.

- Achei...- Comentei sentindo minha fala embolar feita a de um bebum.

- Vai primeiro. - Pontuou grogue, achando que eu realmente correria pra parede.

Eu ri e apertei o botão que só se mostrava um botão por conta do contorno como a de uma forma.

O elevado abre, todo prata por dentro.

- Ora, ora...- Começou Kalland como se visse um velho amigo malandro e trapaceiro. Seu dedo indicador se erguendo com seu cotovelo dobrado enquanto uma mão ia pra cintura e uma perna se inclinava.

- Vamos, estamos sem tempo pla irsso, Kalland. - Digobtoda embolada sentindo minha dignidade ir embora, Kalland gargalhou e eu fiquei feito um tomate, cruzei os braços escorando contra a barra do elevador e o ignorei o resto da pequena viagem de trinta segundos.

O elevador se abriu no terceiro andar e cambaleamos dois passoas pra fora antes de ver que sozinhos, daquilo não passávamos.

Nos encaramos desafiantes e logo derrotados, escorando um no outro pra chegar até meu quarto.

- Nunca mais, repito, nunca mais: eu vou ao deserto. - Jurou convicto e eu gargalhei.

- Achei que diria que não iria mais jogar. - Admito, ele grunhe algo como "hmpt".

- Só nos seus sonhos, fraca. - Me despreza dramático, já estávamos no meu quarto, alcançando a cama quando ele diz isso e eu o lanço com um saco de batatas na cama.

Ele ri, ri feito uma criança sapeca que fez malcriaçao esperando tal resultado, seu olhar sabichão, nublado e carinhoso, lindo...

Suspiro e involuntariamente caio de cara no colchão quando minhas pernas falham, Kalland gargalha e logo sinto uma de suas pernas sobre minha bunda e seu braço sobre minhas costas, dormimos.

.

Lá fora parecia uma tempestade de filme de superação, com direito a árvore voando e tudo.

Agradeci o forte que Dhellaya chama de casa, ter uma barreira tecnológica militar que parecia aquelas invisíveis de magia, era interessante ver as coisas batendo contra ela e não passando dali.

Porémtambém era assustador, pareciabque realmente ia entrar, mesmo que não houvesse possibilidade.

- Hmm...- Escuto o resmungo suave e olho pra baixo vendo a pequena bela autora dormir feito alguém que trabalhou horas extras em uma sexta-feira.

Depois de encará-la tanto quanto me foi possível, me arrasto em seguida pro banheiro dela.

Pela tempestade, era difícil saber se era dia ou noite, mas minha ereção matinal estava firme e forte.

A deixei quieta, tomei uma banho quente sentindo meu membro latejando, mas o ignorei com todas as minhas forças.

Vesti um roupão após o banho e minhas pantufas, fui pra cozinha ver o que poderia ser feito pelos nossos estômagos.

Ovos fritos com pão francês e chá de maçã com mel. Foda-se!

Cozinhei a maçã com a quantidade de água pra dois copos cheios. Logo retirei pedaços de maçã e limpei sua existencia da face da Terra(eu comi).

Enchi os duas canecas. Coloquei na bandeja junto com um pequeno recipiente de mel, quatro pães com ovos e dois limões, caso ela goste de chá de maçã, limão e mel.

Eu amava, mas hoje não queria colocar.

Cheguei no quarto vendo Dhellaya se sentar feito projeto pra um padre.

A absorçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora