Prudência da serpente

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A cela era bastante ampla, de um branco leitoso que doía as vistas

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A cela era bastante ampla, de um branco leitoso que doía as vistas. Haviam diversas runas desenhadas nas paredes, no teto e no chão. No centro da sala, residia uma figura pequena, um jovem de mais ou menos um metro e meio, sem roupa e acorrentado pelo pescoço, tronco, pulsos e tornozelos. Todas essas correntes se ligavam a pontos específicos da parede, e haviam selos e runas em toda a sua extensão, inclusive desenhadas e coladas em seu corpo.

Ele estava de cabeça baixa, a primeiro instante parecia dormir ou estar desmaiado. Mas então respirou fundo, e por baixo do cabelo longo Anila pode ver um sorriso surgir em seus lábios. Nathair levantou o rosto, e Anila quase deu um passo para trás.

As lembranças a atingiram como uma enxurrada, todos os momentos, as risadas e os choros, todas as palavras.

Ainda era quase o mesmo de quem se lembrava, a mesma pele pálida, agora um pouco mais pálida, os mesmos cabelos lisos e pretos, mas agora mais longos. Ainda tinha os mesmos traços finos e chamativos, e o olhar malicioso de uma cobra. Só parecia um pouco mais acabado, e mais velho.

Seus olhos se focaram completamente em Anila, e as runas desenhadas na corrente ao redor de seu pescoço brilharam. Instintivamente o Chefe do Posto pôs a mão na arma que carregava no cinto, mas Nathair apenas o ignorou.

Ania… — Nathair disse, sua voz saindo um murmúrio rouco, fraca, um pouco diferente do que Anila se lembrava, mas ainda assim o mesmo tom. — Que surpresa agradável te ver aqui. Pensei que nunca mais a veria, já faz tanto tempo.

— Cinco anos — Anila respondeu enfiando as mãos nos bolsos, mais para evitar que elas transparecessem tremer do que por hábito. Os olhos de Nathair se arregalaram um pouco, surpresos.

— Cinco anos? Oh, jurei que era mais tempo — ele riu. — Mas você deve saber, é meio complicado contar o tempo aqui embaixo.

— Duvido — disse o Chefe do Posto. — Com certeza devem ter te informado.

— Me informado? — perguntou confuso.

— Preciso de informações — Anila disse, ele a olhou.

— Informações, informado, não estou entendendo.

— Um homem foi morto a alguns dias em um restaurante. Envenenado. O veneno por si só já parece veneno mágico de cobra, porém o modo como ele morreu… seu corpo se esticou, escamou, como uma…

— Cobra — Nathair disse. Anila assentiu calmamente enquanto ele sorria. Eles sabiam exatamente o que tinha acontecido ali, mas fingiam que não. — Oh, que interessante, não é todo dia que alguém da Família se mata, principalmente em público.

— Ele não se matou, foi morto — Anila disse.

— E você não acha que eu fiz isso, acha? Porque eu acho meio impossível — disse se mexendo um pouco, fazendo as correntes balançarem.

Os segredos das cobrasOnde histórias criam vida. Descubra agora