Já estava estudando há algumas horas quando Nilo passou pela porta com um grande sorriso no rosto. Ao ver sua expressão, Anila soube que seus planos de descanso estavam acabados. A cara de desgosto de Oleandro atrás dele foi a certeza que precisava.
— Não vamos encontrar nenhum caso legal, né? Bom, tenho uma péssima notícia pra te dar. Consegui os melhores casos do Posto!
— É mesmo? — Anila perguntou, tentando transmitir um tom de deboche, mas estava em dúvida. Nilo estava empolgado demais para ter achado qualquer coisa.
Mas eles não dariam nenhum caso grande para ela, pelo menos nada grande do nível importante, isso tinha certeza. Mas será que tinham voltado atrás quanto a dar a eles os casos mais simples e entediantes? “Talvez Duna tenha mentido, talvez só quisesse me pôr para baixo”, pensou um pouco mais interessada no que Nilo tinha nas mãos.
Anila fechou seus livros e guardou suas canetas, Oleandro puxou tudo para o lado enquanto Nilo retirava uma pérola grande do bolso e a colocava sobre a mesa. Ele invocou sua magia na palma e esmagou a pérola. Uma lufada de ar mágica se espalhou pela mesa, e da escassa névoa três pilhas de papéis surgiram.
Anila ergueu as sobrancelhas contando rapidamente que deveriam ter mais de cinquenta casos ali. Nilo abriu um grande sorriso.
— Eu separei em três pilhas. — Nilo começou se sentando no chão em frente a mesa, e apontou para as pilhas da direita para a esquerda. — Esses daqui são os casos de nível 7 e 8. Esses daqui são os casos de nível 9. E esses daqui… ah, esses daqui, são os meus queridinhos e pelos quais a gente vai começar, os de nível 10!
— Ah nananinanão — disse Oleandro se endireitando na poltrona. — Você jurou que começariamos pelos de nível 7, vamos começar de baixo, ir nos acostumando e depois subimos. — imitou sua voz de um jeito muito mais fino. Nilo abriu um grande sorriso.
— Eu não jurei pela magia, então eu posso quebrar o juramento.
— Não pode não, não é assim que juramentos funcionam, e a sua palavra, fica como?
— Nem adianta reclamar — Nilo disse balançando a mão como se espantasse uma mosca. — Vamos começar pelos de 10. Nem tem tantos, veja. Tem esse aqui onde uma mulher foi encontrada completamente carbonizada dentro de um carro que está em perfeito estado, câmeras mostram ela entrando completamente bem e horas depois eles encontrando o corpo dela daquela maneira. Ninguém tinha entrado dentro do carro se não ela, ninguém saiu também. Vendo pelo lado mágico, tinha sim magia ruim ao redor, mas era muito pouca para causar esse tipo de coisa e não tinha nenhum objeto amaldiçoado, nem nada mais que pudesse ser natural.
— Isso é realmente interessante — Anila falou pegando os papéis, “será alguma possessão?”, Se perguntou.
— Não é? — Nilo disse com um sorriso orgulhoso. — Tem esse aqui também sobre um cara que morreu em um restaurante. Na visão dos humanos parecia apenas um infarto, ou até mesmo um envenenamento, como os jornais estão suspeitando. Mas na visão Natur foi bem mais do que isso. A morte dele durou apenas uns segundos, o que indica que o veneno é bem forte, e essa é a questão, ninguém sabe que tipo de veneno é, algo a ver com cobras pelo modo como ele morreu, como se estivesse se transformando em uma.
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Os segredos das cobras
FantasyQuando a detetive Anila é enviada para o mundo humano com a desculpa de que estão precisando da sua ajuda, um caso misterioso de um homem que morreu em um restaurante acaba caindo em suas mãos. O que para os humanos foi apenas uma morte por envenena...