Anila pensava que se Oleandro não fosse quem conseguisse localizar Vania, ele e Nilo não estariam ali. Tentou deixar pelo menos Nilo para trás, mas ele era insistente, e com certeza os seguiria. Ainda assim, Anila se arrependia de tê-los trazido juntos, pois no banco de trás do carro que ela havia alugado, os dois brigavam pelo último par de óculos mágicos. Anila ajustava a lente do seu, dando um zoom maior, tentava se focar em Vania e fazer leitura labial, mas os dois no banco de trás a estavam atrapalhando.Ela estava pronta para reclamar, quando ouviu um “crack” vindo de trás. Lentamente, Anila retirou os óculos e se virou, encontrando os dois, cada um com um pedaço quebrado.
— Foi ele quem quebrou — Nilo acusou, fazendo com que Oleandro o olhasse indignado.
— Eu não estava puxando sozinho!
— Mas estava puxando com mais força!
— Você quem estava! Se não tivesse…
— Calados! — Anila rosnou fazendo com que os dois se calassem. Pegou os restos dos óculos das mãos deles e jogou dentro da bolsa no banco ao seu lado. — Mais um piu e vocês voltam pro Posto, quer gostem, quer não!
Todos os sons possíveis sumiram do carro, e Anila se voltou para frente, recolocando os óculos. Novamente ajustou o zoom, e se focou em localizar Vania. Não foi muito difícil achá-la, vestia um vestido verde cheio de pedras, que era bastante chamativo. Não que os outros não fossem, mas ela parecia ter um protagonismo especial.
Anila se perguntou qual era a sua importância ali dentro. Quase todos ali eram Natures, apenas um convidado ou outro, ou um garçom ou outro, que eram humanos, e todos esses pareciam alheios à magia do lugar. Não pareciam enfeitiçados, só pareciam não saber. Aquela provavelmente não era uma reunião séria e decisiva para algo. Ou talvez fosse. Talvez toda aquela festa fosse só fachada.
Anila tentou encontrar outros rostos conhecidos no lugar, mas não havia nenhum. Nem mesmo Naue estava lá, deveria estar fazendo turno noturno no restaurante, para manter sua máscara.
Anila observou por mais um momento, antes de retirar os óculos e os entregar a Oleandro.
— Tente achar o anfitrião.
Oleandro assentiu, trocando de lugar com Nilo na janela.
— E eu, faço o quê? — Nilo perguntou.
— Espera.
Anila o ouviu bufar, mas não disse nada. Pegou uma pasta dentro da bolsa e a abriu. Começou a conferir as novas fichas dos irmãos e de Naue, as verdadeiras e completas. Tinha seguido os conselhos de Nathair e pesquisado melhor sobre eles, e assim como esperava, Enio, o Praticante infiltrado, a encobriu enquanto ela o encobria.
Não seria para sempre, obviamente, assim que a Realeza estivesse lá, Enio já deveria ter ido embora, mas por enquanto deveria estar se concentrando em o que quer que fosse que estivesse fazendo enquanto Anila se preocupava apenas com seu caso.
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Os segredos das cobras
FantasiQuando a detetive Anila é enviada para o mundo humano com a desculpa de que estão precisando da sua ajuda, um caso misterioso de um homem que morreu em um restaurante acaba caindo em suas mãos. O que para os humanos foi apenas uma morte por envenena...