Capítulo 63

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Sérgio narrando

Tudo oque eu queria era que Bárbara compreendesse que tudo que eu faço, eu faço por ela.

Não entendo como que ela prefere aqueles marginais do que a pessoa que criou ela, e que sempre deu do bom e do melhor.

Eu sempre prendi ela, mas era pro seu próprio bem. Eu não queria que ela virasse uma dessas meninas perdidas. Queria que ela estudasse.

Bárbara não entende o mundo como eu entendo, nesse vinte anos de carreira eu vi coisas horríveis acontecer com meninas da idade dela.

E outra, eu sou um homem de respeito. Eu tenho um nome, onde eu entro sou bem recebido. Não posso admitir que minha filha fique com fama de vagabunda.

Como ela pode ter agido com tanta ingratidão?

Encaro ela na cadeira, toda amarrada e com ferimentos no corpo. Ela tentou reagir..

Babi: tá me olhando porque?

Sérgio: mais respeito pra falar com o seu pai.

Babi: você não é meu pai. - ela ri. - eu tenho nojo de você.

Sérgio: tem nojo de mim, mas não tem nojo daquele traficante pra quem você senta, né. - coloco seu cabelo atrás da orelha. - sabe quantas pessoas ele já matou?

Babi: acho que nisso vocês são iguais, não é?

Sérgio: não, Bárbara. Eu mato bandidos, traficantes, pessoas que escolhem o caminho mais fácil da vida. Eu sinto orgulho de mim por livrar o mundo desses marginais.

Babi: você é pior, você se esconde atrás desse distintivo, dessa farda, dessa viatura. Mas no fundo, você é pior do que os marginais que tanto odeia.

Sérgio: lutei muito pra chegar até aqui, Bárbara. Não vou aceitar que uma criança fale assim comigo. Minha carreira é minha vida.

Babi: não sou criança.

Sérgio: é sim, você é jovem demais pra entender o mundo, pequena.

Babi: mas eu não era jovem demais pra ser abusada, não é? - ela olha nos meus olhos. - você fodeu meu psicológico. Eu não consigo confiar meu corpo a homem nenhum, porque quando foi com você, você não me deu essa escolha. - ela chora. - e sim, eu transei com o Coringa. Mas, diferente de você, ele me deu a opção de escolher se queria isso ou não.

Encaro ela.

Sérgio: me desculpa por isso, mas eu queria o melhor pra você.

Babi: como isso seria o melhor pra mim? Eu tomei banho cinco vezes naquela noite, mas eu ainda sentia a sujeira das suas mãos em mim. Eu ainda lembrava da sua boca no meu corpo. Eu quase me matei por causa de você.

Sérgio: você está exagerando, Bárbara. Não foi tão horrível assim.

Ela ri.

Babi: foi a pior coisa que já aconteceu na minha vida. Eu odeio você, só de te olhar já me dá nojo.

Perco a paciência e coloco o pano em sua boca denovo.

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