Prólogo

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                 Quatro anos antes

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                 Quatro anos antes

     Já era a terceira vez que errava a nota da música do Chopin. Mamãe já estava quase arrancando meus olhos com a mente, ela nunca tivera muita paciência comigo, geralmente quem me acompanhava nos ensaios era papai.
    
  — Aurora querida, é assim que você quer ser conhecida mundialmente?—falou com falsa calma na voz.
 
     —Não seja tão dura com ela, meu  amor— Papai disse entrando na sala ,tentando apaziguar— Me desculpe por não comparecer mais cedo, Aurora. Tive alguns compromissos na empresa.

Rodrigo Alencar, dono de uma das maiores empresas de joalheria do Brasil , e nas horas vagas, meu pai. Foi ele que me apresentou o piano, mesmo que minha mãe não aceitasse isso numa boa. Ela sempre detestou o barulho das teclas, e é por essa razão que o piano da vovó não fica mais lá em casa. Papai tratou de colocá-lo na sede da empresa. E lá se foi minha única distração em casa.

Eu não tinha amigos, sempre fui muito tímida. E digamos que as crianças da minha escola eram um tanto cruéis. Sempre tinha alguém pra me lembrar o quão acima do peso estava. A única vez que tentei conversar com mamãe sobre isso, ela simplesmente concordou.
 
— Mas eles estão mentindo, Aurora? — disse cética — eu venho a muito tempo tentando te convencer a fazer uma dieta, quem dera se você fosse igual a Bárbara.

Bárbara, a filha que deu certo. Tão imaculada, ela sim está a altura de representar o sobrenome. Babi é lindíssima, cabelos loiríssimos, olhos tão azuis quanto os de mamãe, e  quase tão cruel quanto ela.

Quando terminei de tocar a música, meus dedos já estavam mais doloridos que o normal, porém estava feliz, consegui pegar com má estria uma nota difícil da partitura. Olhei sorrindo para Mariana, mas logo desfiz minha expressão alegre, ela estava falando ao celular, já tinha me acostumado com sua indiferença.

— Rodrigo querido, Marco acabou de avisar que vai levar o Nicholas em casa — falou com tanta empolgação, jurava que o dito cujo era da família.— vou no meu carro, você leva a Aurora.

     Triste por ter sido jogada de lado, concordei e segui até o carro. Papai ao perceber o meu semblante me deu um abraço caloroso, mas não comentou a respeito do comportamento da minha mãe.

     Já estava em casa, quando decidi que passaria o resto da noite em meu quarto. Preferia mil vezes ficar trancada, do que ouvindo os comentários de mamãe a respeito da minha forma física.
    
     Passava das 20 horas, estava morrendo de fome, fui até a escada na esperança que ninguém estivesse na cozinha— Por obra divina não tinha ninguém— comi um pedaço generoso de pudim, e resolvi que seria melhor levar para o quarto.
  
  — Olá, pequena ladra— quase tive um treco por ter sido pega no flagra— você deve ser a Aurora, sim?

      Com a pouca coragem que me restava, virei para encarar aquela voz— Por Deus, fiquei boquiaberta com a beleza daquele homem— percebendo que estava quase babando olhando para ele, resolvi responder.

   — Sim, e quem é você?— perguntei desconfiada — e não é roubo, já que estou em minha casa.
    
    — Você não é muito pequena para ter a língua tão afiada?— disse divertido— A última vez que te vi, você era um bebê muito adorável, Aurora.
    
    —Isso não responde a minha pergunta — quem ele pensava que era para falar daquele jeito — De qualquer modo, estou me retirando, passar bem.
    
     — Espere criança, sou Nicholas, eu e o Marco fomos praticamente criados juntos —— isso explica a empolgação de mamãe ao falar dele— voltei ao Brasil a negócios, e quis matar a saudade dos velhos amigos.

       Quando ia responder o seu celular tocou, ele prontamente se desculpou e pediu licença para atender o telefonema. Resolvi subir para o quarto, já tinha perdido mesmo a fome.

     Deitei na minha cama, peguei meus óculos para ler um livro— hábito que tinha desenvolvido desde criança— mas nem o Machado de Assis me impediu de pensar naqueles lindos olhos azuis. Por Deus, eu estava muito ferrada!
   

  
   

   

 

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