• Capitulo IX •

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"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido

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"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada."

Clarice Lispector

Quando a porta do quarto se fechou, ela pareceu esquecer como respirar. O seu tio era uma das poucas pessoas em sua família que realmente a via como ela era, sem as roupas de marca, maquiagem, joias caras, e mais de mil câmeras apontadas para si, na casa dele sempre pôde ser ela mesma, sem ninguém para lhe limitar. Suas melhores lembranças eram naquela casa, brincando com seu primo e seu irmão, agora ele perdeu tudo de uma hora para outra, e ela perdeu mais uma vez um pedaço de si mesma que não iria recuperar.

Um pedaço que não podia mostrar sob a luz, pois não seria o ideal para a indústria.

Em dias como esse, ela parecia não se pertencer a si mesma, sem controle de suas ações, seguindo regras e ordens como um ser enjaulado. Sendo puxada para uma escuridão que somente sua Kalissa lhe tirava, somente com poucas palavras. Com sua mão trêmula ela atende a chamada, colocando o celular em seu ouvido, sentindo sua garganta fechar, tudo ao seu redor girar e seu corpo formigar e pesar, mas ao ouvir aquela voz tudo se abranda, mesmo que por um segundo.

— Bárbara, la mia principessa, você está aí? Me responde, pequena.

Kalissa… — A chamou quase sem voz.

Naquele mesmo instante o coração de Kalissa apertou, pois ela notou o tom de voz sofrido de sua loira, que quase não respirava, segurando seu peito, deitada na cama, jogada, olhando para o teto, sentindo suas lágrimas deslizarem.

— O que houve, Bárbara, o que você está sentindo?! — Perguntou afobada, desesperada e preocupada.

M-meu coração, e-ele dói, Kally, o… o meu tio morreu. — Diz em um fio de voz entre soluços, se encolhendo na cama.

Houve um silêncio há princípio, pois a preta ficou chocada com a notícia, e logo entendeu o estado de sua menina. Apolo era um apoio familiar fundamental para Babi, e perder isso de repente depois do estresse psicológico que enfrentou mais cedo com certeza não é algo fácil de se lidar. Após ouvir um longo suspiro sentido da mais velha, a loira ouve sua voz carinhosa.

— Ahh, meu bem, eu sinto muito, principalmente por não estar aí com você, eu sei como deve estar sendo difícil.

— E-esta do-doendo t-tanto!

— Eu imagino o quanto, principessa, então se quiser chorar eu tô aqui, pode chorar o quanto quiser. — A consola com a voz emocionada também.

Mas mesmo de longe a loira sabia que sua pirata estava tentando ser forte por ela, mesmo que a dor do luto lhe atingisse também. Mesmo que sentisse ela preferia esconder para poder ser o porto seguro de sua menina que lhe confidencia em um tom de voz doloroso.

Minha Principessa Inesquecível (Romance Safico)Onde histórias criam vida. Descubra agora