“Talvez eu goste mesmo de você. Ainda não tenho certeza, esse meu medo atrapalha muito. Medo de dar errado; medo de você não gostar de mim; medo de não ser suficiente; medo de amar.”
– Ilusões de Esther
Faziam somente alguns minutos que Bárbara tinha ouvido as palavras de seu melhor amigo, ou melhor tido a verdade esfregada em sua cara mais uma vez, eram verdades crueis, mas não deixavam de ser reais, pois em algum momento Kalissa poderia cansar de esperar, como Giovanni havia dito, ela em algum momento seguiria sua vida, conheceria outra pessoa e esqueceria aquele suposto amor. Suposto porque a loira não tinha a audácia de acreditar que fosse realmente correspondida pela amiga, preferia acreditar que aquilo era mais um de seus mais distantes devaneios, uma doce ilusão.
E mesmo que fosse real a preta seguiria em frente, enquanto ela continuaria congelada no tempo, agarrada a esse amor, pois esse sentimento é a única coisa que faz sentido para si. Em uma vida cheia de limitações e ordens a seguir como uma boneca teatral, presa por cordas, pelos desejos seus criadores, não há muito que desejar além da liberdade. É isso que esse amor é para Babi: Liberdade!
Mesmo tendo várias limitações, parecendo algo impossível de se ter, não só pelas “cordas” que a aprendem, mas pelo medo, medo do autocontrole. Depois de tanto tempo seguindo o comando de outros, ter o controle dá muito medo. Você fica perdido, paralisado, sem saber que ação tomar ou qual passo dará em seguida, se perguntando quem mais lhe guiará, se encolhendo no lugar, em posição fetal, pois o mundo parece grande demais para ser desvendado sozinha.
Se sentia a maior das covardes por isso, por não admitir o que sentia, por não enfrentar e viver isso. Se passaram apenas alguns minutos desde que seu coração falhou uma batida ao encarar a feição dura de Kalissa, sentindo seu coração apertar naquele instante, agora, nem mesmo ouvia o que Giovanni e Mikael diziam, afinal estava perdida em pensamentos.
“Está ao meu lado, ao meu alcance e mesmo assim não consigo me aproximar, não consigo tocar ou tomar para mim.”
Pensa suspirando melancólica e reflexiva, ao fechar os olhos, sentindo o vento fresco por seu rosto. Ao abrir os olhos novamente, ela suspirou sorrindo de leve ao observar de longe Ítalo e Luana conversando sentados na beirada do campo de futebol, de frente para a arquibancada. De longe Babi percebeu que mesmo que ainda não tivesse nada ali entre os dois inegavelmente existia algo, talvez a mesma coisa que há entre ela e sua pirata.
“Não, nada se compara ao que sinto por ela. ”
Pensa ao negar com a cabeça, sorrindo, mas logo o sorriso se vai, e a feição de surpresa fica em seu lugar, surpresa por finalmente afirmar com certeza, admitir o que sente por sua melhor amiga. Mesmo que em algum momento já tenha dito em pensamentos sobre isso, nunca falou com tanta certeza, pois sempre esteve dividida entre a razão e suas emoções. Ao observar seu irmão e Lua ela pensa:
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Minha Principessa Inesquecível (Romance Safico)
Romance2° Ato de "A Felicidade em Meio a Solidão". Kalissa Vitale fugiu do Brasil ainda pequena com seus três irmãos, dos abusos de seus genitores, ao chegar na Itália o seu irmão mais velho se apaixonou e se casou com um Italiano, foi assim ambos se torna...