Minha meta era sempre ser tão boa quanto EU pensava que era... não o que poderiam me dizer que eu poderia ser, não. Meus padrões foram construídos a partir da observação do trabalho dos melhores Chefs do mundo, não era justo que eu não tentasse ser tão boa quanto eles, eu deveria ser melhor, eu queria ultrapassar meus mestres e poder dizer a quem quisesse ouvir como eu aprendi com esses mesmos mestres. Era minha maneira de vingá-los, se as pessoas me reconhecessem como produto deles, eles saberiam então, o quanto eles eram bons... era tudo sobre o legado.
Natasha ou Clint me disse que Deus criou as ostras e as uvas? Eu não lembrava, mas ambos costumavam me dar referências como essas, eles definiriam a perfeição dos sabores sempre com termos que eu entenderia. Não era como se eu fosse religiosa nem nada, mas quando eu era mais nova, eu sabia que tudo o que eu não pudesse entender ou cozinhar, era algo realmente grande, como a ideia de Deus, parecia bobo se você pensar bem nisso, mas por um fato óbvio, fez bastante sentido pra mim que os sabores únicos de uvas e ostras, fossem as comidas preferidas de Deus e por isso ele as fez em abundância, para que todos tivessem a oportunidade de uma vez na vida experimentar, em qualquer lugar.
Com o tempo eu incluí as trufas nessa minha besteira evangelizadora, mas eu as relacionaria como criadas pelos seres do inferno, algo como seu sabor trazer sensações que em nada seriam apreciadas pelos aceitos no céu, e como elas vinham do subsolo, só fez sentido. Como um alimento advindo de algo escondido e proibido, enterrado e cheio de cheiros profanos, caro e capaz de ser venerado, com sabores únicos mas usados em comidas simples. Cheias de dualidade, como eu penso que... penso, não, no fundo eu sei como é o inferno.
As trufas devem ser cortadas em lâminas finas, quanto mais finas mais seus sabores e aroma seriam intensificados, era como eu via os pecados, era como andar em uma linha fina demais, quanto mais fina a linha mais prazeroso o pecado era, quanto mais perigoso fosse, melhor seria. Quanto melhor fosse mais condenado você estaria a querer sempre mais. Era como diziam, trufas são um diamante da cozinha, e também diriam que ela tinha propriedades eróticas, era como a mistura de orgulho, luxúria, gula, avareza, desejo... Tudo sobre as trufas era relacionado a algo realmente diferenciado e dispendioso, dependendo da variedade, como as brancas, somente as lascas poderiam facilmente custar 10.000 dólares por uma porção de 10gr. Era como a cocaína ou qualquer outra droga potente. Requisitado e caro.
Seu sabor é tão marcante, é terroso, suave... não é como se fosse um cheiro bom, algo para uma pessoa normal que nunca viu o preparo, era parecido com gás de cozinha... mas okay, o que importa aqui e para a cozinha é que ela desbloqueia sabores escondidos em coisas simples como um simples ovo frito, que de fato é o clássico e óbvio prato para ser introduzido na arte de experimentar trufas.
Era infernal pra mim lidar com um ingrediente que era tão temperamental, ele não se encaixava em tudo, teria seu sabor obliterado por um simples toque de alho ou parmesão, o que me levou a dilemas épicos, por que elas são perfeitas para massas frescas, mas não posso colocar um bom parmesão se eu utilizar trufas, então eu aprendi desde cedo que meu uso de trufas seria nas batatas, meu truque era ver sempre as trufas como ingredientes imprescindíveis ou pelo menos muito bem-vindos em ovos, massas, ou seja, um bom nhoque de batata e ovos com molhos à base de manteiga e algum molho de carnes nobres.
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The Chef's Choice
Romance* Duas das mais conceituadas Chefs do mundo encontram-se nas pequenas coincidências da vida. Kate Bishop sempre quis ser a melhor em tudo e conseguiu, exceto por uma coisa... Yelena Belova só quer cozinhar a vida na maior e melhor panela que existe...