28_ Queda das Sombras.

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Na manhã seguinte, os primeiros raios de sol filtravam-se através das frestas da cabana, trazendo uma luz suave ao pequeno espaço. Eu acordei sentindo-me estranhamente revigorada, mas ao mesmo tempo, havia uma sensação de desconforto em meu peito. Os eventos da noite anterior ainda ecoavam em minha mente, deixando-me inquieta.

Itachi já estava de pé, seus olhos fixos na porta. Ele parecia tão sereno quanto sempre, mas havia uma tensão em seus ombros que não podia ser ignorada. Quando nossos olhares se encontraram, ele me ofereceu um leve aceno de cabeça, uma silenciosa confirmação de que estava tudo bem, pelo menos por enquanto.

— Precisamos nos mover rapidamente — disse ele, sua voz um sussurro. — Os ninjas da Folha estão por perto.

Levantei-me, tentando afastar a sensação de estranheza e concentrar-me na urgência da situação. Itachi estava à porta, observando através de uma pequena brecha. Aproximei-me em silêncio e olhei por cima de seu ombro. Vários ninjas da Folha passavam pela floresta, movendo-se com uma eficiência que apenas aumentava minha ansiedade.

Meu coração apertou ao vê-los. Era difícil não pensar em casa, na aldeia, e em todos que deixei para trás. Senti uma onda de saudade, mas sabia que não havia tempo para me deixar levar por esses sentimentos. Olhei para Itachi, que me observava com uma expressão de entendimento.

— Vamos sair por trás — ele disse, desviando os olhos dos ninjas. — Conheço um caminho seguro até o esconderijo. Precisamos ser rápidos e silenciosos.

Assenti, seguindo seus passos enquanto ele abria uma saída discreta na parte de trás da cabana. Movemo-nos pelas sombras, nossos passos leves sobre o solo coberto de folhas. A floresta ao nosso redor parecia mais densa e opressiva, cada som amplificado pela tensão que sentíamos.

Caminhamos por horas, sempre atentos a qualquer sinal de perigo. Itachi liderava o caminho, seus movimentos precisos e calculados. Eu me esforçava para acompanhá-lo, tentando imitar sua vigilância e calma.

Finalmente, após o que pareceu uma eternidade, chegamos a uma clareira isolada. No centro, havia uma entrada camuflada, quase invisível a olho nu. Itachi se abaixou, movendo algumas pedras e revelando uma passagem oculta.

— Este é o nosso esconderijo — ele disse, olhando para mim. — Aqui estaremos seguros, pelo menos por um tempo.

Entramos no esconderijo, uma pequena caverna que oferecia mais proteção do que a cabana. Itachi rapidamente verificou o local, garantindo que não havia perigos iminentes. Sentamos-nos no chão de pedra, ambos exaustos mas aliviados por termos encontrado um refúgio seguro.

Olhei para Itachi, sentindo uma nova onda de gratidão e admiração. Ele era um enigma, mas um aliado indispensável. Sabia que ainda havia muitas perguntas sem resposta, mas naquele momento, o mais importante era que estávamos juntos, prontos para enfrentar os desafios que ainda viriam.

— Itachi — comecei, minha voz suave — obrigada novamente. Sei que temos muito a discutir e planejar, mas estou pronta para seguir em frente ao seu lado.

Ele sorriu levemente, um sorriso raro que iluminou seu rosto.

— Sakura, estamos juntos nisso. E juntos, encontraremos um caminho. Agora, descanse um pouco. Precisamos estar em nossa melhor forma para o que vier a seguir.

Deitei-me no chão frio da caverna, sentindo o peso da exaustão finalmente me atingir. Fechei os olhos, mas minha mente ainda fervilhava com pensamentos e sentimentos. Ao meu lado, Itachi mantinha sua vigilância, um guardião silencioso e implacável. Senti uma paz estranha e reconfortante ao saber que ele estava ali.

Acordei com um leve farfalhar de asas. Abri os olhos e vi Itachi em pé, uma expressão de intensa concentração em seu rosto. Um corvo negro acabara de pousar em seu braço estendido, e em seu bico havia um pequeno rolo de papel.

A Cerejeira NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora