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O som constante dos monitores de hospital preenche o ambiente, um contraste gritante com o caos que havia acontecido na noite anterior. Bakugou estava encostado na parede do quarto, os olhos fixos na garota inconsciente na cama. Seus ferimentos estavam sendo tratados, mas as marcas do encontro com a entidade permaneciam visíveis em seu corpo frágil.

O desastre havia sido colossal. A tentativa de homicídio, somada ao caos criado pela entidade monstruosa, deixara um rastro de destruição. O cenário ainda estava fresco na mente de todos, especialmente na de Katsuki Bakugou. A cena se repetia em sua cabeça: ele saindo do carro sem hesitação, seus explosivos pulsores ativados, voando em direção à garota que estava prestes a ser devorada por uma criatura de outro mundo. Ele a salvou, mas não sem consequências.

Agora, cinco dias se passaram desde o incidente. A garota estava no hospital, ainda se recuperando. Ela era a peça central de uma nova onda de fofocas e tensões na U.A., a notícia se espalhando rapidamente pelos corredores da academia. Todos sabiam quem era o salvador, e todos sabiam quem era a vítima.

Para Bakugou, a situação era complexa. Seu relacionamento com sua namorada estava em crise. A tensão era palpável, uma corda esticada prestes a se romper. Ele, no entanto, não parecia se importar. O foco dele estava em outro lugar. Nos últimos cinco dias, ele não visitou a garota no hospital. Em vez disso, ele passava a maior parte de seu tempo com Aizawa, o pai adotivo da menina, detalhando cada segundo antes de sua chegada fatídica.

Enquanto isso, os antigos alunos da Classe 1-A, agora no terceiro ano, se revezavam em visitas constantes à garota hospitalizada. Kirishima, Midoriya, Ochako, Sero e Jirou eram presenças constantes no quarto dela, tentando trazer algum conforto e distração.

Aizawa, com sua habitual expressão séria, escutava atentamente Bakugou. Ele queria entender cada nuance, cada detalhe do que acontecera.

— Eu a vi lá, Aizawa — disse Bakugou, cerrando os punhos. — Aquela coisa... não era deste mundo. E eu só fiz o que precisava ser feito.

— Como essa criatura se parecia? Não tinha forma? O que era!?- Aizawa exclamou preocupado.— Ah... [Nome]

— Não tinha uma forma concreta.- Disse katsuki, eu olhava uma momento, parecia uma sombra alta com olhos incandescentes e no outro, uma  esfera com auréolas de ouro e mãos humanas.

—!.- Aizawa parou por um momento.







"O que está desenhando aí, filha?" Aizawa perguntou fitando a garota na maca do hospital.

Os olhos da garota estavam brancos novamente e ela chorava, mas não de dor nos olhos, ela só chorava e desenhava.

Era um desenho horrendo. Ao mesmo tempo que parecia um anjo, parecia um demônio. O papel amarelado pela passagem do tempo exibia traços infantis, mas a precisão dos detalhes perturbava qualquer um que se atrevesse a observá-lo por mais de alguns segundos. A figura desenhada ali batia perfeitamente com o que Katsuki havia descrito. Aizawa, com a expressão endurecida, relembrou o momento em que aquela imagem fora criada.

"Pai... Ele me assombra... Ele me machuca todas as noites..." dizia a criança, a voz tremendo de medo. Aizawa a observava, tentando acalmar os próprios nervos.

"Dói muito..." continuou a menina, segurando a camiseta de Aizawa com força. Seus olhos, totalmente brancos, sem íris à vista, eram uma visão aterrorizante. Parecia que, ao mesmo tempo que ela via, não estava realmente ali.

Aizawa, chocado, não sabia como reagir. Sentia uma impotência esmagadora. Aquele foi o primeiro momento em que ele presenciou o trauma profundo que a criança carregava. Ela chorava, soluçando de dor e desespero, e tudo o que ele podia fazer era segurá-la, tentando oferecer alguma forma de conforto.

A imagem daquele desenho nunca mais sairia da mente de Aizawa, assim como os olhos vazios e assombrados da menina.







Agora, anos depois, a memória do desenho ressoava com uma nova urgência. Katsuki havia descrito a entidade que enfrentara durante o resgate com uma precisão assustadora. Cada detalhe que o jovem herói mencionara, desde as asas até o olhar, coincidia perfeitamente com o esboço que [nome] havia feito tantos anos atrás.

— É exatamente isso.— Katsuki murmurou enquanto Aizawa dava o celular para o mesmo, mostrando a voz grave e carregada de incredulidade. — Foi essa coisa que a atacou.

Aizawa suspirou, sentindo o peso das circunstâncias. O que antes era apenas um desenho infantil agora se revelava um presságio sinistro.

Katsuki o observou em silêncio,

Aizawa assentiu, compreendendo a gravidade da situação. Ele sabia que havia mais em jogo do que apenas o incidente. A segurança de sua filha, a reputação de Bakugou, e as consequências para todos na U.A.

Enquanto os dias avançavam, uma coisa era certa: todos estavam sob pressão, e as decisões que tomariam nos próximos dias poderiam mudar o curso de suas vidas para sempre.

Te daria a minha vida; K. Bakugou Onde histórias criam vida. Descubra agora