Capítulo 25

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Damon Humphrey

- O que vamos fazer agora? - Questionou Maria, enquanto caminhava ao meu lado em direção a porta da sua casa.

O percurso do restaurante para a nossa casa foi em completo silêncio. Passamos horas sentados tomando sorvete e conversando sobre o meu hobby favorito. Quero dizer, sobre aquilo que eu amo fazer, correr  Foi a primeira vez que eu me senti à vontade para contar para alguém toda a minha trajetória no automobilismo. As memórias são vagas, mas eu lembro exatamente do momento em que eu me apaixonei. Como uma criança mimada de pais bilionários, sempre estava mudando o meu esporte até aquele dia. Essa foi uma das poucas vezes que o meu pai fez a minha vontade, e acho que ele se arrependeu disso. Estávamos passando as férias de verão na casa dos Bass, primos da minha mãe, que moram na Califórnia, e Jofrey, o filho mais velho deles, havia acabado de ganhar um kart. Precisei esperar a oportunidade certa para roubar o carro e descer a ladeira para no final parar no hospital por causa de um braço quebrado e quase um pescoço também. Escutar a gargalhada da Maria no momento em que eu contei essa parte da história me fez perceber o quão foi ainda mais divertido e menos dolorido quebrar um braço, me fez perceber também o quão eu aproveitei a minha infância - tecnicamente falando - e ela não.

- Bom, eu acho que vou passar um tempo na sala de jogos e depois dormir. Tenho que acordar cedo amanhã. - Respondo. - E você?

- A mesma coisa, por mais que eu não queira. - Ela baixou a cabeça.

- Não quer dormir cedo?

- Não.

- Está sem sono? Deve ser o vinho.

- Eu estou sem vontade de acordar cedo e fazer todos os dias a mesma rotina.

Fico surpreso. Conforme o tempo vai passando, o nosso corpo vai cansando de fazer a mesma coisa todos os dias, ela tem que ser perfeita todos os dias, menos quando está comigo e isso é bom. Não estou aqui para prejudicar, estou aqui para...faze-la se sentir mais à vontade consigo mesmo.

- Se você quiser, pode me fazer companhia.

- Na...na sala de jogos? - Ela gaguejou nervosa.

- Sim.

- Eu...não sei se é uma boa ideia. - Desviou o olhar.

- Porquê? Só vamos jogar um pouco de vídeo game. A não ser que esteja com medo de perder. - Provoco.

- Medo de perder? Damon, eu nunca tive vídeo game.

- Palavras da idade da pedra. - Reviro os olhos irritado, não por causa dela e sim por causa da mãe dela e da bola da qual a Sra. Frazier fez a sua caçula viver, cheia de regras e etiquetas.

- Nossa, me desculpa senhor moderninho. - Disse toda debochada.

- Não, é sério. Você às vezes parece que veio da família dos Flintstone.

- Experimenta ser o projeto de perfeição da sua mãe.

- Isso é fácil de resolver, é só passar a não ser. Na verdade, você está deixando de ser. Não se esqueça que noite passada você não dormiu em casa, ficou acordada a praticamente a noite toda e dormiu no meu quarto de jogos.

- Eu sei, mas não é fácil. Eu estou acostumada com uma realidade, e você com outra. A sua é mais divertida do que a minha e eu gosto dela, mas...

- Cacete, esses mais são foda pra caralho. Vamos parar com isso. - Seguro a sua mão.

- O que você está fazendo?

- Tirando você da sua realidade e passando para a minha. - Demos meia volta e passamos pelo portão da minha casa. - Está se sentindo diferente agora?

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