A gargalhada de Damon ecoou por todo o meu apartamento. Desde o primeiro momento do qual eu comecei a contar para ele que Mariana tentou me humilhar dentro da minha própria casa, Damon não tentou esconder um minuto se quer o seu sarcasmo, para ele era como se ele soubesse de cada palavra que eu estava dizendo.— Ei! Para de rir. — Peço, dando um leve chute na sua perna esquerda.
Estou de pé, de frente para o Damon que estava sentado com um dos braços esticado sobre o encosto do sofá e a sua perna direita dobrada sobre a sua esquerda.
— O que você quer que eu faça? Ou melhor, o que você quer que eu diga?
— Não sei. Qualquer coisa. — Cruzo os meus braços irritada. — Foi você quem deu essa ideia de vingança, de continuidade.
— E eu vou dar. — Damon respirou fundo. — O que foi que eu disse para você? Que enquanto você está aqui sofrendo por causa deles, eles estão lá sorrindo, sem nenhum peso na consciência.
— Eu sei. — Engulo a minha angústia. — Gostaria de saber como as pessoas conseguem fazer isso? Porque que elas nascem com tanta frieza? Provavelmente eu passaria a minha vida inteira me sentindo culpada só por pensar em fazer mal a alguém, principalmente com a minha família. Mariana não pensou um minuto se quer em me magoar.
— Hoje temos que ter medo de quem convivemos dentro da nossa própria casa, até mesmo aqueles que amamos podem nos fazer mal. Eu pensava que Devon era o tapado da família e eu era o esperto, e olha agora ele me traiu com a minha própria namorada. Não sei se eu sinto raiva dele ou se sinto raiva de mim por ter acreditado daquela cara de...
— Sonso?
— Algo assim. Ele não merecia você. Eu sinto muito por alguém como ele ter partido o seu coração. — Damon deu um leve sorriso tentando ser uma pessoa compreensiva, tentando demonstrar o quão ele estava tentando amenizar a situação do próprio irmão mais velho. Mas porque? Eu nem ao menos amava o irmão dele. Diferente de mim que uma única pessoa me magoou, Damon possui duas, é por isso que ele tem mais motivos para se vingar do que eu.
— É...— Sento-me ao seu lado e esfrego as minhas mãos sobre as minhas pernas.
Após o final da nossa ligação, Damon demorou certa de vinte minutos para chegar no meu apartamento, não tive tempo de me arrumar, quero dizer não como ele. Damon sempre está com a sua roupa de badboy rebelde e nunca de shorts ou uma camiseta.
— Na verdade o seu irmão não me magoou.
— Como assim?
— Desde pequena, eu sempre tentei agradar os meus pais. Sempre. Nunca existiu nada do qual eu tenha feito para agrada-los e namorar com o seu irmão foi uma delas.
Damon ficou me encarando, como se não esperasse por essa resposta. Devon e eu éramos difíceis de trocar carícias perto das pessoas, pelo menos eu, e Damon nunca presenciou isso, a única coisa que ele sabe é que eu era a namorada do seu irmão, apenas isso. Os detalhes do meu namoro nunca foi exposto para ninguém até agora.
— Mas parecia que vocês...
— Todo o tempo foi mentira.
— Então ele não te traiu, o namoro de vocês era mentira?
— Não. Você entendeu errado. O nosso namoro não era de mentira, o que era de mentira era o amor que eu fingia sentir por ele. Devon para mim era...desculpa dizer, mas...irritante e sem graça. Foi um alívio me livrar dele, pena que foi por essas circunstâncias. A única pessoa que me magoou, que me traiu foi a Mariana.
O olhar de Demon estava tão longe, mais longe do que a própria lua. Sua expressão não tinha nenhum enigma para decifrar era como em algum momento da minha fala eu tivesse ativado algo dentro dele que o fez ficar assim.
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Deliciosa Vingança
Romansa[...] Eu passei a minha vida inteira sendo a filha perfeita que os meus pais sempre sonharam, um papel do qual as minhas duas irmãs não quiseram cumprir. Depois de tudo o que eu presenciei hoje, percebi que dentro da minha própria casa também existe...