⚫17: Remanescência verde

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O barulho de passos rápidos e barulhentos ecoava na terra por onde Minato corria. A respiração frenética aumentava os tremores e a descrença dificultava o senso de direção. Ele não sabia por onde ia, só se afastava das palavras do papai Naruto.

O céu antes limpo agora prometia chuva que desfocaria ainda mais a sua visão já aguada. Ele não evitou um galho no chão e caiu pela segunda vez naquele dia. A mesma terra agredida pela corrida anterior, foi banhada pelas suas lágrimas. Parecia um pedido de desculpa, e o solo aceitou de bom grado, sentindo pena da criança aos prantos. O que lhe fizeram?

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Minato nunca pensou muito. Ele é uma criança, e crianças reservam mais tempo para serem fascinadas ao invés de melancólicas. Mas naquele momento, qualquer um pensaria profundamente. Papai o amava como deve ser? Essa dúvida o fez divagar...
... Sempre houve uma diferença gritante entre a proximidade deles os dois e dos irmãos. Sarada foi a primeira, Dattebano. Ela teve uma infância inteira para aproveitar com o papai Naruto, mas o pai Sasuke ia nas suas primeiras missões de "merecer perdão".

Boruto e Menma chegaram poucos anos depois. Eles conquistaram meia infância com papai, mas foi aí que deu errado. Ele se tornou Hokage e eles deixaram de ser a única família dele. Eu tinha ficado muito feliz quando ele me disse que a família tinha crescido naquele dia. Agora? Eu percebo que ainda não consegui amar a vila como família. Não quando uns me batem pela frente e outros sussurram pelas costas. Eu entendi, mas não compreendi.
Menma e o Boruto foram os mais sortudos. Depois que o papai ficava no trabalho direto, o pai Sasuke voltou depois de anos e ficou pelo maior tempo que conseguiu. Eles, juntamente com Sarada, conheceram ele pela primeira vez.

E Kawaki veio quando eu ainda estava na barriga do papai Omega. Ele foi acolhido por ele e deixado aos cuidados do Sasuke. Que mau. E no fim, veio eu, Dattebano. Papai parou um pouco, mas pai Sasuke teve que ir a uma missão muito incrível. Tinha que ser incrível para ele ter ido embora, certo? Ele deve ter ido parar alienígenas super maus enquanto nee-san cuidava de todos.

E papai teve que voltar ao trabalho. Não gosto mais de Hokage. Ele mantém o meu papai longe de mim. Ele é meu e dos meus irmãos. E só um pouco do pai Sasuke. Eu aceito partilhar com ele. Mas não com mais ninguém. O resto da vila que aceite isso.

O estrondo de um trovão cortou a imersão de Minato. Ele percebeu que tinha começado a chover há não sei quanto tempo. Ele tremeu ao sentir o frio a penetrar na sua roupa, tornando-a mais pesada.

"Ele me vê igual ao resto da vila? Eu não quero isso. Ele passa o mesmo tempo comigo e com eles. Ele nem me deu um nome original! Ele pegou o nome do vovô e me deu. Será que ele vê o vovô quando olha para mim? Eu não sei como era o vovô. Eu não quero ser um vovô. Eu quero ser filho do papai."
  — EU NÃO QUERO SER UM MAU MENINO! — Gritou, esmurrando o chão com a força de uma criança. E repetiu o movimento a cada grito "NÃO QUERO! NÃO QUERO! NÃO QUERO!"

Uma sombra fraca vinda de trás apareceu.
— A fazer birra? Que rude, Uchiha.

Uma voz zombeteira.
Minato não vai aturar mais nada deste dia. Ele virou-se com um olhar entre raiva e algo que ele não compreendia o que era. Fazia o seu coração apertar de dor tristemente, mas ele estava com mais raiva no momento.

   — Me deixem, seus idiotas... — pediu em vão com os dentes cerrados.

Risadas e mais risadas.
O vento se fortificou e mais nuvens carregadas apareceram. Até Minato percebeu que não era normal, mas o de cabelo negro tinha coisas mais importantes para se focar: os malvados à sua frente e escapar da chuva que lhe molhara em todos o sítios.

Ele levantou-se e correu, porém foi parado por uma mão no seu braço. Era grande, a mão. Maior do que deveria ser.

... Ele olhou para trás, com olhos incrédulos. Era um adulto que lhe segurou. Ele olhou enquanto processava e só conseguiu deixar escapar uma interrogação de voz fraca:
   — ... O quê?

Não resultou em grande coisa. Só fez o olhar de Minato mudar para medo diante de um sorriso que prometia dor. Os adolescentes de antes apareceram atrás do homem e um deles falou:
   — Ei, tio, você não acha que isso é preciso, certo? — o tom hesitante fez o aperto no antebraço aumentar. Isso disparou alarmes na mente do mais novo. Ele queria fugir, mas não conseguia se mover. Parecia que as pernas não respondiam à sua vontade.

  — Temos que honrar a nossa vila. O renegado foi perdoado, mas nós nos vingaremos. Nem que seja através dos pirralhos dele. — Ele agarrou o queixo de Minato e encontrou o olhar dele — Não é, sangue imundo?

Minato sentiu um solavanco no coração. Ele precisava de fugir

Fugir.










O seu braço ficou dormente.






Fugir-
Mas não conseguiu.
"Eu odeio hoje. Minato é assim tão mau? Eu quero o papai" Ele chorou e gritou:
  — ME SOLTA! SOCORRO, SOCORRO!
PAPAI!

Os adolescentes tremiam. Se era de frio ou de medo, ninguém sabia. O olhar do seu tio era a prova do erro deles. Ele aproveitou-se da sua "brincadeira" para se vingar.

...

O Minato entendeu o sentimento que pesava dentro dele. Ao ser atingido por alguém que era suposto ser o seu guardião, atacado pela sua suposta família só por existir.

Era traição

BOOOOM

Um barulho insurdecedor rompeu o silêncio.

CABUUUMM

— AAAAAAAAAAAH — Minato gritou e chorou alto.

O adulto soltou Minato após os raios repentinos e o mais novo berrou para todos os que ouvissem:
  — EU NÃO SOU UM SÓ UM UCHIHA!! EU SOU UM UCHIMAKI!
Ele pousou a mão na garganta. Doía.
"Eu odeio dor"

BOOOOOOM
Correr.
Correr.
Cor-

Ele correu e correu o mais rápido que conseguiu. Se era fugir do homem ou do dia infernal, ele não sabia, mas pouco importava.
O que ele não notou em meio à chuva foi o brilho verde esmeralda a sair do seu colar. Pois o que notou foi que o homem, tendo recuperado da surpresa, corria atrás dele.

Minato tentou fugir mais rápido. Nem a adrenalina o salvou. Ele não notou as primeiras pedras que o homem atirava na sua cabeça. Mas ele reparou que as próximas tentativas de o ferir falharam.

— ... O quê? — Desta vez, a interrogação veio do agressor. E Minato viu a luz verde que a pedra emitia e abrandou. O outro ao ver a luz atirou as pedras do chão com mais afinco, mas elas falharam.
As pedras, em vez de acertarem o seu alvo, faziam uma curvatura e acertavam os adolescentes que corriam logo atrás deles. Nenhum dos dois reparou nisso.

— Nee-chan — Chamou ele ainda chorando.
Os adolescentes seguraram os braços grossos do tio e, ao ver o sangue no rosto dos sobrinhos (devido às pedras que não sabia que os haviam acertado) clareou a cabeça e foi procurar ajuda. Ele os fez tremer, os seus sobrinhos. (Ele ignorou o choro passado da criança que ele atacou. Talvez o tivesse ensinado a não seguir os passos do pai).

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Ele não se lembra de chegar a casa. Nem se lembra dos rostos dos seus irmãos ao vê-lo todo molhado. Só molhado? Ele sentia a nuca quente. Ele apenas relaxou sob o calor de um abraço da sua nee-chan e sentiu-se cair na escuridão... Vendo o que restou daquele brilho.

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Olá estrelinhas 👋⭐

Remanescente: aquilo que sobra, o que resta, que perdura, persistente.
Remanescência: do latim remanentīa, cujo significado é > permanecer <.

Eu dei a minha vida para escrever este capítulo. Ainda tenho muito a aprender e melhorar são passos que dou a cada parágrafo. Então, espero que tenham gostado.

Eu não vou abandonar essa história. Nem se demorar dois ou dez anos para escrevê-la. Já me apaguei ao enredo e aos personagens, já era.

Beijinhos estrelinhas 😘⭐

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⏰ Última atualização: Aug 31 ⏰

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