CAPÍTULO 07

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Fairview, New JerseyAno 2019

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Fairview, New Jersey
Ano 2019

Estendo a mão até a prateleira da farmácia onde costumo comprar meus medicamentos, alcançando a caixa de insulina que preciso. Na caixa havia apenas um frasco de insulina, quantidade que eu precisava para controlar minha condição por alguns dias da semana. Ou até menos.

A duração exata depende de como minha saúde se comportar durante esse período, mas em geral, consigo me manter com essa quantidade por pelo menos alguns dias — o suficiente para eu conseguir dinheiro. Mas o problema era: eu só tinha a metade do dinheiro, o que tornava impossível pagar por esse produto. Eu preciso de dinheiro ou eu vou morrer. Literalmente, pelo visto.

Engoli em seco, pensando seriamente se aquelas câmeras instaladas a alguns metros acima de mim poderiam ver o momento em que eu colocasse essa caixa na minha bolsa. Infelizmente, não tenho a audácia necessária para fazer isso, e estou absolutamente certa de que aquelas câmeras me flagrariam roubando.

Descarto totalmente essa possibilidade.

Com o medicamento firmemente seguro na mão, me dirigi ao caixa. Havia poucas pessoas na fila, e não demorou muito para que chegasse minha vez. No entanto, à medida que avançava, notei que a fila atrás de mim começava a crescer, somando agora cinco pessoas. Dei uma olhada rápida para trás, sentindo o peso do julgamento daqueles que esperavam. Com um suspiro, desviei o olhar e voltei minha atenção para a moça do caixa.

Eu a conhecia bem. Ashley, a senhora proprietária ruiva e sardenta da farmácia, era uma figura familiar. Na maioria das vezes, ela não estava presente no estabelecimento, encarregando suas funções a uma jovem magrela que trabalhava no caixa. Porém, ocasionalmente, Ashley aparecia para substituir sua funcionária.

Meus lábios se curvaram em um sorriso forçado, uma tentativa patética de mostrar ânimo quando, na realidade, eu estava apenas fingindo. Ela me observou com seus olhos redondos e enormes, que pareciam duas bolotas de sinuca azuis. Seu rosto estava salpicado de sardas que se espalhavam quase completamente por sua pele. Havia uma verruga na ponta de seu nariz que eu tentava ao máximo não encarar; era nojento e estranho pois além de esquisita, havia alguns fiapos de pelo nela.

— Bom dia, senhora Ashley. Como tem passado? — disse, sentindo minhas bochechas doerem.

Ela fungou, passando a mão enrugada pelo nariz enquanto seu olhar profundo me fixava. Após alguns momentos de silêncio, Ashley piscou várias vezes antes de dizer:

— Como vai, senhorita Jones — ela não se deu o trabalho de me encarar.

Ashley me conhece desde a época em que eu era uma pirralha travessa, correndo pelos corredores da farmácia dela e espiando curiosamente por trás dos balcões de remédios. Desde aqueles dias, ela nunca hesitou em demonstrar um tipo de dureza aparente. Ashley sempre foi o tipo de pessoa que não tinha paciência para crianças e deixava isso claro através de seu comportamento firme e suas palavras diretas.

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