CAPÍTULO 12

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Fairview, New Jersey Ano 2019

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Fairview, New Jersey
Ano 2019

Quando eu tinha quatorze anos, conheci o mar pela primeira vez. Acho que foi uma das sensações mais emocionantes que já senti. Ficamos na areia, bem pertinho das ondas, onde conseguíamos ver um barco bem distante. Meu pai disse que, quando conseguisse ganhar mais dinheiro, me levaria para um passeio de navio. Isso nunca aconteceu, porque depois que ele foi demitido do seu antigo emprego, passamos a rezar todos os dias para ter comida na mesa.

Lembro como se fosse ontem. O dia estava claro, sem nuvens, e o céu era de um azul que parecia infinito. Meu pai estava ao meu lado, com um sorriso que era ao mesmo tempo orgulhoso e um pouco cansado. Ele sempre foi assim, um homem que carregava o peso do mundo nos ombros, mas que tentava escondê-lo de mim.

Aquela viagem tinha sido uma surpresa. Eu nunca imaginei que ele iria conseguir nos levar à praia, especialmente com as dificuldades que enfrentávamos. Mas, de alguma forma, ele conseguiu economizar o suficiente para aquele único dia. Pegamos o ônibus cedo, e a viagem em si já foi uma aventura.

Quando finalmente chegamos e vi o mar pela primeira vez, foi como se o mundo inteiro tivesse se expandido diante dos meus olhos. As ondas, o som do oceano batendo contra a areia, a brisa salgada... tudo era novo, e ao mesmo tempo, parecia familiar, como se eu tivesse esperado a vida inteira para ver aquilo.

Meu pai e eu andamos pela orla, nossos pés afundando na areia quente. Lembro que ele riu quando uma onda mais forte molhou nossos pés. Eu estava descalça, e a sensação da água fria me arrepiou, mas eu ri também, porque estava feliz. Aquilo era liberdade, mesmo que fosse apenas por um dia.

Sentamos perto da água, onde as ondas lambiam suavemente a areia. Ficamos ali, apenas observando o horizonte. Eu vi um barco ao longe e me perguntei para onde ele estava indo, quem estava a bordo e quais histórias eles teriam para contar. Quando eu disse esses pensamentos com meu pai, ele sorriu e disse que, um dia, me levaria para um passeio de navio.

— Quando eu conseguir um trabalho melhor, — ele disse. — nós vamos. Você vai ver o mar de verdade, não só da praia.

Seus olhos brilhavam de esperança, e por um momento, acreditei que aquilo realmente aconteceria.

Mas, mesmo naquele momento, havia uma sombra que eu não conseguia ignorar. Meu pai estava cansado. O trabalho duro, as longas horas e o peso de ser o único responsável por mim e por nossa casa estavam começando a aparecer em seu rosto. As rugas na testa, as olheiras que ele tentava esconder... tudo indicava que ele estava lutando mais do que queria admitir.

Ainda assim, naquele dia, ele se esforçou para me mostrar apenas o lado bom. Comprou sorvete, brincou comigo na água, e riu das minhas tentativas desajeitadas de pular as ondas. Ele fez de tudo para que aquele fosse um dia perfeito, e por um tempo, consegui me esquecer das preocupações que normalmente carregava.

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