Capítulo 09

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Na manhã seguinte, eu sou acordada pelo ronco alto de um motor sendo ligado. Eu espio da cortina bem a tempo de ver Blake, montando em uma motocicleta e se afastando em velocidade.

Onde será que ele vai tão cedo? Será que tem algo de errado?

Memorias do dia anterior inundam minha mente, eu sinto uma ternura e uma inquietação injustificáveis remexerem meu coração. Ontem definitivamente houve uma mudança na dinâmica entre nós... Mas é uma mudança para melhor ou para pior?! O episodio de ontem sem duvidas fez tudo ficar mil vezes mais complicado.

Em vez de ser apenas um sequestrador a quem eu deveria temer e odiar, agora estou sentindo todos os tipos de emoção com relação a ele... Por que estou fazendo isso comigo mesma ?

Com o olhar distante, eu pondero sobre minha situação atual. Blake não está em lugar nenhum. A casa está terrivelmente silenciosa. E então lentamente eu me dou conta que eu estou sozinha, meus instintos de sobrevivência acordam...

Ele saiu... Blake saiu! Essa é minha chance!

Não sei quanto tempo eu tenho até que ele volte, mas preciso agir rápido se eu quiser fazer alguma coisa! Certo, primeiro preciso me acalmar e pensar direito!  Agora é a hora de fugir, já que Blake simplesmente deixou a casa. Eu posso pelo menos abrir uma boa vantagem antes que ele perceba que eu desapareci e começar a me procurar. Preciso ser rápida, pois não posso ter outra chance como essa preciso encontrar uma forma de escapar daqui e pedir socorro!!!

Começo a vasculhar pelo quarto, porém além das roupas dele não tem mais nada ali. O cheiro inconfundível de Blake, almiscarado e masculino, ainda está aqui no tecido de algumas peças. Eu ... preciso usar boa parte do meu auto controle para me impedir de pega-las e esconder meu rosto nelas.

Eu nunca tive sentimentos tão intensos por um homem...

Tenho a sensação de que ela vai além do aspecto físico... Talvez eu tenha sido atraída pela sua personalidade forte... isso sempre me chamou atenção nos homens mas nele esta sendo diferente, há algo diferente...

As coisas seriam mais fáceis se tivéssemos nos conhecido em circunstancia diferentes...

A coisa mais importante que eu preciso manter agora em minha mente quando se trata de Blake é: Não posso permitir que nenhum sentimento real se desenvolva, isso só complicaria as coisas. Mas a quem estou querendo enganar? Não é tarde demais para isso? Nesse momento o mínimo que eu posso fazer é me esforçar para não me apegar emocionalmente a ele. Deixo as roupas dele exatamente onde estavam. Tento empurrar os pensamentos sobre ele para o canto mais distante da minha mente e deixa-lo lá eles são a ultima coisa que eu preciso agora. Agora vou seguir em frente... Saio do meu quarto e começo a entrar em outros, esperando fazer alguma grande descoberta. Após não conseguir nada em dois deles eu começo a pensar que eu estou sem sorte! Mas isso parece estar estar prestes a mudar no cômodo seguinte. 

A decoração é mínima, mas de bom gosto: Apenas uma cama king-size e um criado mudo. Na primeira gaveta que eu puxo, eu encontro minha bolsa com meu celular, algum dinheiro e meus documentos de identidade e ainda dentro dela, dou um frito de alegria.

_Uh Hul! Não acredito que encontrei isso, bem na hora!

Pego meu celular e aperto o botão que fica na lateral do aparelho até que a tela acenda, mas a barra de sinal que deveria aparecer nela está vazia. Blake não mentiu não tem sinal nenhum aqui! Pego minhas coisas e olho pela janela. A imagem chama minha atenção imediatamente. Pelo vidro eu consigo ver o quintal, a janela também fica próxima da cerca que protege todo perímetro da propriedade.

Acho que consigo alcançar o topo da cerca com meus pés se eu me pendurar no parapeito da janela. E então eu posso pular para o outro lado... e estarei livre. Meu coração bate em um ritmo absurdamente rápido, mas eu fico paralisada! A janela está totalmente aberta mas algo me impede de pular. É O MEDO! O medo esta me impedindo! tenho medo de cair antes de alcançar a cerca. Não sou muito ágil e cair do segundo andar provavelmente não me mataria, mas certamente eu quebraria alguns ossos. Ai! Não posso deixar meu celebro me sabotar. Preciso encarar meus medos, custe o que custar! Meu pai deve estar muito preocupado por não saber onde eu estou. Preciso aproveitar essa oportunidade e escapar! Se eu pegar alguns lençóis dos quartos, posso amarra-los e usa-los como uma corda para descer com segurança. Soa como um bom plano para mim... Satisfeita com minha ideia repentina eu passo nos quartos arrancando todos os lençóis da cama. Acho que estes devem ser suficientes para me ajudar a chegar no chão... Vou amarra-los uns nos outros e prender uma das pontas na cabeceira da cama.

Trabalho com rapidez e eficiência. Minha mente está completamente focada em cumprir a missão de escapar da mansão. Com uma das pontas da corda improvisada já amarrada a cabeceira da cama eu me preparo para subir na janela quando percebo que há algo embaixo da cama... Parece uma caixa...

A curiosidade é mais forte, eu me arrasto em direção a cama e estico minha mão por baixo dela para alcançar a caixa feita de madeira solida e pesada. Consegui! O que será que tem dentro dela... Poderiam ser as pistas para desvendar os segredos dessa casa e seu misterioso guardião?

Enquanto eu estou me questionando sobre o conteúdo da caixa, o ronco familiar de um motor entrando no território da mansão alcança meus ouvidos, o som aumenta gradativamente. Droga ele voltou, eu precisos sair daqui imediatamente! Vencida pela minha curiosidade eu luto contra o fecho de metal sem conseguir conter meu nervosismo. Quando finalmente consigo abrir eu olho por alguns segundos para os itens revelados tentando entende-los... Há uma chave enrolada em um laço de fita. Qual quarto será que ela abre? Também há algumas coisas aleatórias. Uma mascara de dormir, algemas, cordas... Ótimo! Me distrai por um minuto inteiro com essa caixa estupida, eu preciso ir embora...

Empurro a caixa para baixo da cama outra vez e subo no parapeito da janela. Com extrema cautela eu desço pela roupa de cama amarrada, não há espaços para erros e vou para o topo da cerca. Não consigo acreditar que estou fazendo isso! O que aconteceu comigo nas ultimas 48 horas já produziu mais adrenalina do que todas as experiências da minha vida juntas!

Eu sempre tive uma vida cômoda... Não que isso seja ruim. Eu sempre escolheria minha vida chata e superprotegida em vez de ser sequestrada. Em pé sobre a cerca eu olho para baixo e a distancia até o chão me faz hesitar... Só um pulo eu estarei livre, eu consigo, nós conseguimos Helena, chegamos até aqui...

Não há muito tempo para considerações eu agacho e salto simples assim e estou do lado de fora da propriedade onde fui mantida prisioneira pelos últimos dois dias.

Eu consegui!

Sequestrada para ser minhaOnde histórias criam vida. Descubra agora