Fragmentado

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Até agora não conseguia parar de pensar nos momentos bons que passei ao lado dos rapazes. Apesar de serem tão diferentes, cada um com suas próprias características e manias, ambos são incrivelmente amáveis. Estava absorto em pensamentos, revivendo nossa ida à praia. Foi um dia realmente especial.

Suas palavras e ações não saíam da minha cabeça. Seja trabalhando ou de folga, qualquer hora do dia, eu me via totalmente imerso nessas memórias, ao ponto de começar a imaginar certas coisas… com a dupla sem querer. Senti meu rosto corar e esquentar até as orelhas, Deku, não pense nessas coisas pervertidas! Você não é desse jeito!

Tentei, com todas as minhas forças, me concentrar nas tarefas do dia. Precisava ser focado! Todavia… de um modo que não previ, minha mente fez-me retornar para aquela noite em que Kazinho me salvou de Dabi. Lembro-me como se fosse ontem. Estava naquela situação tenebrosa, porém ele surgiu de repente, enfrentando o perigo sem hesitar para me proteger. Essa memória… me aquecia o coração e me enchia de gratidão.

Mas o que me deixava bastante confuso eram as falas de Dabi. Ele mencionou coisas sobre All Might e sobre eu ser um dos alunos prodígios... Será que ele não estava me confundindo com outra pessoa? Isso parece impossível, afinal, ele sabia meu nome. Essas palavras flutuavam na minha cabeça agitada e inquieta, unindo-se com as imagens que apareciam nos meus sonhos e pesadelos, também subitamente.

Além disso, ultimamente, tenho visto flashes de algo que parecem ser cenas da minha infância. Elas aparecem sem aviso, tanto nos momentos em que estou dormindo quanto quando estou acordado, especialmente quando passo tempo com os dois... É uma sensação estranha e conturbada.

Essas lembranças, ou talvez alucinações, me deixam em um estado constante de dúvida. Deveria conversar sobre isso com eles? E se… for apenas um delírio meu, algo criado pela minha cabeça? Não quero alertá-los sem motivo, entretanto ao mesmo tempo, essa nostalgia súbita é algo que eu gostaria tanto de compreender.

Tenho o direito de investigar isso, certo? Não posso simplesmente ignorar esses sinais e continuar como se nada estivesse acontecendo. Se há algo importante que eu desconheço sobre meu passado, preciso descobrir. Então, talvez seja hora de reunir coragem e falar com eles sobre essas memórias e as palavras de Dabi. Eles podem me ajudar a entender o que está acontecendo, ou pelo menos me apoiar enquanto busco respostas…

O dia estava quente, como qualquer outro dia de verão. Aproveitei essa oportunidade para fazer uma faxina em casa. Decidi que era hora de tirar as tralhas e coisas que não serviam mais, abrindo espaço para o novo. Além de ser uma necessidade, imaginei que seria um ótimo passatempo, especialmente com a ajuda de Todoroki e Kazinho.

Armado com um balde e uma esponja cheia de sabão, me peguei esfregando o chão do banheiro. Mergulhado na tarefa, comecei a cantarolar baixo uma música qualquer que me veio à cabeça. A melodia, embora simples e improvisada, ajudava a manter o ritmo e tornava o trabalho mais leve.

Todoroki e Kazinho estavam em outras partes da casa, concentrados em uma tarefa específica. Podia ouvir Kazinho resmungando sobre alguma coisa no quarto ao lado, enquanto Todoroki, sempre mais silencioso, provavelmente estava organizando os livros na estante da sala.

Esfregando o chão com vigor, observei a espuma se espalhando e levando embora a sujeira acumulada. Enquanto isso, a música que cantarolava soava como uma trilha sonora perfeita para aquele momento de limpeza. Continuando a esfregar o chão, sentia-me grato pela companhia e pelo esforço conjunto.

— Ei — inesperadamente, Kazinho surgiu na porta do banheiro —, terminei o quarto. Quer alguma ajuda?

— Oh? — Olhei para trás. — Ah, não precisa. — falei com um sorriso gentil no rosto ao vê-lo.

Meus Bichinhos de EstimaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora